Fico cá a pensar no modo de privatização da Sabesp, em São Paulo. Já falei e escrevi a saudação. As ações foram vendidas inferior do valor de mercado, a uma única empresa interessada, sem concorrência, que não tem tradição no setor. A senhora Karla Bertocco, presidente do parecer da Sabesp hoje, era do parecer da Equatorial, a concorrente única que “venceu” o concurso. Críticas a esse jeito de fazer as coisas? Nenhuma! Fui dos poucos na grande prelo, talvez único. Estamos diante da máxima: “Se o setor privado opera, o serviço é bom; se é Estado, não presta”. Ainda que a Sabesp fosse, sob controle público, eficiente e rentável.Sabem por que trago à baila esse debate? Porque o noticiário se torna uma colcha de retalhos de ocorrências, contando a saga da pobre Jennyfer, coitada!, há quatro dias sem luz, com a comida estragando na geladeira. Ou portanto a de Jefferson, que perdeu tudo o que tinha no freezer do seu mercadinho de bairro. Até tarifa poética escapa: sem luz e sem ter uma vez que carregar o celular, as pessoas voltam a maltratar papo…Quando a coisa se politiza um pouco e se tem uma visão mais abrangente do problema, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e varão do martelo das privatizações, inspirador do “padrão Sabesp” — do qual lema não tem uma vez que não ser “se é público, é ruim; se é privado, é bacana” —, liga para a Aneel e ofídio providências. Quais providências? Ah, ele quer a caducidade do contrato, o que também faz o prefeito Ricardo Nunes — finalmente, há uma eleição em curso —, uma vez que se isso pudesse ser feito num estalar de dedos.Vamos à questão conceitual: a Enel é a prova de que a eficiência não tem nenhuma relação com a natureza pública ou privada da empresa que presta o serviço. O prefeito, em pessoal, faz um oração mais condoreiro contra a concessionária — com participação, diga-se, do Estado italiano — porque esta responsabiliza, em secção, a Prefeitura pelo delonga na prestação de serviço, já que secção considerável do problema se deve à queda de árvores, cuja resposta — com a devida remoção — é atribuição da Prefeitura. Esta, por sua vez, acusa a empresa de demorar para trinchar a vigor dos locais atingidos. E assim se caminha e impreca no escuro.A Enel é um caso escancarado de gestão privada que deu e está dando estupidamente falso, o que evidencia a tese furada dos falsos liberais brasileiros sobre a oriundo eficiência de serviço público prestado por privados, em contraste com a suposta ineficiência do ente estatal.Ou não foi essa a tese que embalou — no oração solene ao menos — a transferência da gestão da Sabesp para uma empresa privada e a superfluidade operada na Eletrobras, aplaudida pelos idiotas, segundo a qual, em material de muito público, 43% podem valer 10%?
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