Ações contra fogo foram insuficientes, diz Marina Silva - 23/09/2024 - Ambiente

Ações contra queimada foram insuficientes, diz Marina Silva – 23/09/2024 – Envolvente

A ministra do Meio Envolvente, Marina Silva, diz que o governo Lula (PT) se planejou para enfrentar a crise de seca e incêndios, mas reconhece que as estratégias ficaram aquém da veras que se impôs.

“O que nós estamos descobrindo agora é que [o planejado] não foi suficiente. E ter essa perspicuidade e essa responsabilidade de não querer mascarar a veras ou minimizar a veras faz segmento de uma postura republicana diante da sociedade”, afirma.

O Brasil vive a pior seca já registrada. Peru, Bolívia e Portugal declararam emergência ou calamidade em razão de queimadas. A estiagem extrema deixou o sul da África com falta de provisões. A amazônia queima em incêndios gigantes.

A ministra diz ver um mundo despreparado para enfrentar a crise climática, e admite que isso inclui, de certa forma, o governo brasílico.

“A humanidade tem que chegar à desenlace de que não está preparada e que não está preparada porque não ouviu os reclames da ciência”, disse ao podcast Moca da Manhã, da Folha.

A insuficiência da ação governamental é apontada por pessoas de dentro e de fora do governo, virou munição política para a oposição e pressionou a gestão petista —que intensificou anúncios nas últimas duas semanas.

Lula afirmou que vai tirar do papel a mando climática, órgão idealizado por Marina e que era promessa de campanha, e gerar o Projecto de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos e o marco regulatório da emergência ambiental —duas propostas feitas pela ministra.Também potencializou multas por incêndios florestais (demanda da fileira ambiental por penas mais duras contra crimes ambientais) e flexibilizou repasses aos estados para combate a queimadas (uma cobrança de governadores).

Tudo às vésperas da semana do clima da ONU (Organização das Nações Unidas), em Novidade York, onde Lula e Marina cumprem agendas.

Diante do tamanho da crise, a ministra enxugou sua viagem aos Estados Unidos para voltar antes ao Brasil, mas argumenta que a situação não desmoraliza a imagem do país diante do mundo, pelo contrário, na sua visão, reforça a urgência da tarifa ambiental.

“Obviamente que, quando você está nesse lugar, você pode ser cobrado. Ser cobrado não é problema. Agora, obviamente que os países desenvolvidos, para cobrar, eles precisam também fazer o aporte dos recursos que ficaram acordados no Congraçamento de Paris [e que nunca foram feitos]. E o Brasil tem conseguido reduzir o desmatamento sem precisar de ajuda externa”, afirma.

“O Brasil é vítima da mudança do clima. O Brasil é um país vulnerável”, diz também.

Para integrantes do governo e autoridades policias, ao menos segmento dos incêndios que atingem o país são criminosos —e com “indicativos” de conotação política, acrescenta Marina.

Ela lembra que equipes do Ibama (Instituto Brasiliano do Meio Envolvente e dos Recursos Naturais Renováveis), do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Polícia Federalista já foram atacadas antes, durante ou posteriormente ações de repressão a crimes ambientais.

Relata que, em visitante de Lula a comunidades da Amazônia, na ida, não foram vistos incêndios. Na volta, porém, vários focos de fumaça foram registrados pela janela do avião —sinal de que alguém queimou propositalmente aquela extensão, sabendo que a aeroplano presidencial passaria por ali, segundo avalia Marina.

“Houve ali uma tentativa, no meu entendimento, de fazer uma sufocação. Estavam passando o presidente, o ministro da Resguardo, as autoridades da República”, afirma.

Ela serpente que os incêndios criminosos sejam investigados e responsabilizados, dissemelhante do que aconteceu nos últimos.Integrantes do governo dizem crer que a urgência da crise ajude no progressão das propostas ambientais mesmo diante de um Congresso que já impôs uma série de derrotas a Lula, é crítico a Marina e, nos últimos anos, atuou para flexibilizar as leis de proteção ao meio envolvente.

“Espero que, inclusive, medidas que significaram um retrocesso no pretérito possam ser corrigidas, que a gente tenha uma curva de aprendizagem que nos coloque no caminho de ajudar, que todos possam contribuir para resolver esses problemas. Todos, independente de esquerda, direita ou meio, têm que assumir a agenda da sustentabilidade. Só os negacionistas é que vão teimar que não existe mudança do clima”, afirma a ministra.

O quadro político, porém, ainda não é claro, e membros do governo admitem, por exemplo, que será difícil revalidar no Congresso o projeto de mando climática se o órgão estiver sob o guarda-chuva do Meio Envolvente, uma vez que quer Marina.

Enquanto ambientalistas preveem um ano de 2025 com tanto ou mais eventos extremos que 2024, cresce a pressão por investimentos do governo em prevenção e adaptação, uma vez que a estrutura existente já se mostrou insuficiente para a veras atual.

“É um processo, é dinâmico, né? Acho que ninguém consegue, com alguma responsabilidade, proferir que um país, qualquer que seja, estará 100% pronto para enfrentar essas situações [nos próximos anos]. Talvez estivéssemos, se tivéssemos começado [a nos preparar] em 1992”, diz Marina Silva, citando o ano da conferência Rio-92.



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