No acordo dos blocos, Mercosul tem volume e UE, valor - 05/12/2024 - Vaivém

No acordo dos blocos, Mercosul tem volume e UE, valor – 05/12/2024 – Vaivém

“Nunca estivemos tão perto”. Essa é a frase que participantes das negociações do acordo Mercosul-União Europeia vêm ouvindo ao longo dessa complexa caminhada que já dura mais de duas décadas. Desta vez, parece que está mais próximo do que nunca o desfecho.

Olhando apenas do lado do agronegócio, a assinatura é importante para o Brasil, uma vez que o país não tem nenhum acordo relevante até agora. Sem eles, o Mercosul sempre negocia em desvantagem.

O cerne das negociações foi definido em 2019, mas a União Europeia colocou novas exigências, como a side letter e a lei antidesmatamento no caminho.

Esta última, que acabou sendo adiada por um ano, coloca barreiras ambientais em sete produtos brasileiros. Eles somaram US$ 9,5 bilhões nas exportações de janeiro a novembro deste ano para a União Europeia, 40% do valor dos produtos relacionados ao agronegócio que foram enviados para o bloco no mesmo período. Essas novas exigências europeias colocam mais ônus nas exportações do Mercosul.

O acordo é um passo bom para os dois lados, segundo Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Para ela, o Brasil tem um mercado agropecuário forte e centrado dentro da porteira.

Já os europeus devem explorar produtos com maior valor agregado, como vinhos, lácteos, azeite de oliva, entre outros. É preciso olhar não para o volume, mas para o valor das exportações dos europeus, afirma a diretora da CNA.

“É um erro dizer que a União Europeia não é um mercado importante. Ele é o segundo maior destino das exportações brasileiras. E, em muitos produtos, como café, frutas e farelo de soja, é o primeiro”, diz Sueme.

Além de abrir novas possibilidades com tarifas reduzidas, o mercado europeu pode ser uma vitrine para novos acordos do Brasil e do Mercosul, devido às exigências europeias nas importações.

O tamanho do agronegócio brasileiro também abre novas portas para os europeus. Quanto mais o país expandir a produção nacional, maior será a demanda por insumos, setor que o bloco é grande fornecedor.

“Químicos, máquinas agrícolas, serviços e outros insumos se tornam um grande mercado para as indústrias europeias atreladas ao agronegócio e que exportam ou atuam por aqui”. Isso também afeta indústria do bloco europeu de uma forma geral, setor, inclusive, que sempre quis uma aceleração do acordo, afirma a diretora da CNA.

Essas negociações são muito vistas do ponto comercial, mas há outros capítulos envolvidos nelas, como investimentos e compras governamentais, o que leva o acordo para outro nível, afirma.

Segundo Sueme, do ponto de vista brasileiro, tudo que tem tarifa na União Europeia favorece o país, devido à redução ou à eliminação. Alguns produtos têm redução de tarifa, mas com cota limite, como a carne bovina. Outros zeram ou têm reduzidas as tarifas ao longo dos anos. Em alguns, como o da maçã fresca, o prazo é de até dez anos. Suco de laranja e cachaça terão um sistema misto.

Estudo de avaliação apresentado no Senado indicou que, sem o acordo, 24% das exportações brasileiras estão livres de tarifas no mercado da União Europeia. Com o acordo, esse percentual sobe para 92%.

Índia 1 No próximo sábado (7), desembarca uma missão da Índia no Brasil para avaliar oportunidades entre os dois países. Acompanhados pela ApexBrasil, os empresários ficarão até o dia 17.

Índia 2 O mercado indiano, apesar de grande, ainda é pouco explorado pelo Brasil, sendo responsável por apenas 2% das exportações nacionais.

Índia 3 O peso maior das exportações brasileiras para a Índia recai sobre açúcar, que rendeu US$ 1,4 bilhão de janeiro a novembro deste ano para o Brasil, 45% acima do valor de igual período do ano passado.

Índia 4 Em 2023, as exportações brasileiras de óleo de soja para os indianos somaram US$ 1,24 bilhão até novembro. Neste ano, no entanto, recuaram para US$ 660 milhões.

Diversificação Apesar da predominância de açúcar e de óleo de soja nos negócios referentes ao agro, a Índia está diversificando as importações no Brasil.

Diversificação 2 Até novembro, as compras de algodão aumentaram 626%; as de café, 270%; as de soja, 45%, e as de madeira, 28%, em relação a igual período de 2023, conforme dados desta quinta-feira (5) da Secex.

A explorar A ApexBrasil acredita que a relação dos dois países tem muito a crescer nos setores de biocombustíveis, bioeletricidade, bioinsumos, melhoramento genético bovino e soluções tecnológicas para segurança alimentar.

Folha Mercado
Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



Créditos

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *