Homenagem ao artista ficou 40 anos na praça da República - 17/12/2024 - Andanças na metrópole

Homenagem ao artista ficou 40 anos na praça da República – 17/12/2024 – Andanças na metrópole

Uma polêmica histórica cerca o busto do poeta Manoel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), instalado na frente da Faculdade de Direito do largo de São Francisco.

Acredita-se que a imagem representada no monumento não seja a de Azevedo, mas de outro escritor romântico, Luiz Nicolau Fagundes Varela (1841-1875).

A estátua de bronze foi feita pelo escultor Amadeo Zani, em 1907. Ela fica sobre um pedestal de granito lavrado branco. Tratou-se de uma encomenda do Centro Acadêmico 11 de agosto para homenagear um de seus estudantes mais destacados.

Álvares de Azevedo e Fagundes Varela foram alunos da faculdade de Direito. Não se sabe como teria acontecido a troca dos personagens.

A escultura, na verdade, é uma herma, um busto sem braços. Inicialmente, ela foi colocada na praça da República, onde ficou até a década de 1950.

Quando se percebeu a confusão de imagens, ela foi transferida para um depósito, onde ficou por mais de 30 anos. Seu pedestal ficou vazio e, em 1984, a pedido da Academia Paulista de Letras, ela voltou ao local de origem.

Ficou lá por mais 20 anos e, em 2005, o Centro Acadêmico 11 de Agosto lançou a campanha “Volta, Álvares!” para instalar o busto no largo de São Francisco.

Os estudantes protestavam contra o abandono e a degradação da obra na praça da República e alegavam que ela deveria ficar na frente da faculdade, seu verdadeiro lugar.

Na época em que a estátua foi transferida para o local onde se encontra atualmente, o ex-estudante da faculdade de Direito Antonio Claret Maciel Santos se posicionou contra a medida em carta para o centro acadêmico, alegando que o largo de São Francisco não suportaria mais um monumento.

“Inicialmente não se pode afiançar ser a herma representação da figura de Álvares de Azevedo, pois existem estudos que afirmam tratar-se de Fagundes Varela, também poeta acadêmico”, escreveu Claret na carta, segundo o portal Migalhas, dedicado às notícias jurídicas

Para o médico e historiador Lycurgo de Castro Santos Filho, membro da Academia Paulista de Letras, “quanto à semelhança parece que a imagem corresponde à de Fagundes Varela na fase final de sua vida. Todavia a referida herma foi esculpida com a intenção de representar e rememorar Álvares de Azevedo”.

Álvares de Azevedo e Fagundes Varela não chegaram a ser colegas na São Francisco. Azevedo era dez anos mais velho e morreu aos 21 anos por causa da queda de um cavalo. Deixou obras notáveis que só foram publicadas depois de sua morte, como “Lira dos Vinte Anos”, “Macário” e “Noites na Taverna”.

Embora tenha nascido em São Paulo, num sobrado na esquina das atuais ruas Senador Feijó e Quintino Bocaiuva, ele morou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde viviam seus pais.

Deixou a casa da família no Rio aos 17 anos, quando veio para São Paulo estudar direito. Mas não gostava da cidade. Reclamava do tédio da província e das calçadas. Dizia que São Paulo era “mal ladrilhada” e “caipira” e escreveu que a rotina local era um “bocejar infindo”.

Fagundes Varela era do Rio de Janeiro, natural de Niterói. Frequentou a faculdade de direito de São Paulo e do Recife. Interrompeu o curso no quarto ano. Produziu obras como “Noturnas” e “Vozes da América”. É autor da tocante poesia “Cântico do Calvário”. Morreu aos 33 anos.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



Créditos

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *