Ataques de Israel com drones mataram seis soldados da Síria na madrugada desta quarta-feira (27), ainda noite de terça no Brasil, na região rural de Damasco, de acordo com a emissora estatal síria El Ekhbariya.
A ofensiva ocorreu durante negociações entre Síria e Israel, mediadas pelos Estados Unidos, que buscam diminuir a tensão no sul do território sírio e iniciar diálogos políticos mais amplos.
O caso se soma a uma série de incidentes recentes na fronteira. Na segunda (25), o governo sírio acusou Israel de ter enviado 60 soldados para dentro de seu território, próximo ao monte Hermon, descrevendo a ação como uma violação de sua soberania. O Exército israelense negou a acusação, afirmando que suas tropas fizeram apenas uma operação de rotina no sul da Síria, mas não em Beit Jinn, área próxima ao Líbano e à montanha.
Um dia depois, na terça (26), o Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou os ataques israelenses contra o seu país, afirmando que eles representam uma ameaça direta à paz e à segurança regional.
Lá Fora
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Israel, por sua vez, tem justificado as intervenções militares no vizinho como medidas necessárias para resguardar sua própria segurança, sobretudo após a queda do ditador Bashar al-Assad, em dezembro passado. Outro argumento de Tel Aviv está relacionado à proteção da minoria drusa que vive no sul da Síria.
Os drusos, cuja religião deriva do islamismo xiita, são uma importante minoria do Oriente Médio —eles estão presentes no Líbano, no sul da Síria e nas Colinas de Golã, território sírio controlado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e de onde centenas de moradores saíram rumo ao país vizinho.
Em julho, o sequestro de um vendedor de verduras druso por beduínos desencadeou uma onda de violência no sul sírio, e centenas de pessoas foram mortas, segundo organizações locais.
A Síria retirou suas tropas da província de Sweida, no sul, após quatro dias de conflito nesse reduto druso. Segundo o presidente Ahmed al-Sharaa, que substituiu Bashar al-Assad, o recuo tentou evitar uma guerra com Israel, que bombardeou Damasco na véspera sob a justificativa de proteger a minoria.
Sharaa enfrenta desconfiança do Ocidente e especialmente de Israel desde que assumiu o poder após a queda de Bashar al-Assad. Ex-membro de um grupo ligado ao Estado Islâmico e à Al Qaeda, ele tenta minimizar o seu passado jihadista e promete proteger as minorias da Síria, país formado por um complexo mosaico de etnias, religiões e grupos armados remanescentes de 14 anos de guerra civil.
No início do ano, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, já havia dito que as tropas israelenses permaneceriam indefinidamente no cume do monte Hermon, área estratégica na região de fronteira. O governo israelense não comentou o ataque desta terça.