Professor dominava queixadas e tinha sorriso fácil - 12/09/2025 - Cotidiano

Professor dominava queixadas e tinha sorriso fácil – 12/09/2025 – Cotidiano

O mar e o pôr do sol o encantavam. Nos passeios na praia, seu olhar seguia para o horizonte e as remadas que se aventurava na canoa havaiana davam a dimensão de seu gosto pela vida. Bastava encontrá-lo para perceber seu sorriso largo e fácil, que sempre abria qualquer conversa, fosse sobre ciência, viagens, fosse sobre animais ou jazz, suas paixões.

Nascido em Amparo (SP), em 1963, formou-se engenheiro agrônomo pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo), e seguiu carreira acadêmica brilhante, com mestrado em nutrição animal e doutorado em psicologia experimental pela mesma universidade.

Tornou-se professor e pesquisador da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus (BA), que, ao chegar em 1999, era uma jovem universidade, onde passou 26 anos ensinando, formando mestres e doutores e inspirando gerações.

Com sua mulher, também professora e pesquisadora, criaram o programa de pós-graduação em zoologia da universidade, o primeiro do estado da Bahia, e depois consolidaram esse e o programa em ciência animal. Seu campo de estudo era o desenvolvimento de sistemas de produção e conservação de animais neotropicais, em especial os catetos e os queixadas —esta última espécie, conhecida por sua agressividade, que Sérgio aprendeu a manejar com coragem e transmitiu sua técnica a muitos estudantes e pesquisadores.

A fama dessa habilidade chegou até uma tribo xavante, que o convidou a ensinar jovens a capturar queixadas, em um ritual de passagem que havia se perdido. Depois da experiência, foi condecorado com um colar indígena, símbolo de respeito e reconhecimento.

Professor visitante nas universidades do Havaí-EUA, de Liège-Bélgica e de Bristol, Reino Unido, foi pesquisador do CNPq, autor de livros, artigos e capítulos. Deixou um legado sólido para a ciência e a conservação da fauna brasileira.

Mas era também um homem simples, de pouca vaidade, leitor voraz e crítico afiado. Amava música, especialmente jazz, e tocava clarineta nos momentos de lazer. Em casa, era esposo e pai dedicado, sempre presente.

Morreu em São Paulo, no dia 18 de agosto, aos 61 anos. Deixa a mulher Selene, os filhos Clara e André Luiz, o pai Sérgio Luiz, a mãe Eunice e seus quatro irmãos, Ana Rita, Fábio, Renata e Andréa, além da lembrança de uma vida vivida intensamente —como gostava de dizer, “uma vida feliz, que valeu a pena viver”.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa



Créditos

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *