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No coração da Faria Lima, em um prédio decorado por uma baleia, agentes do mercado financeiro discutem… criptomoedas. Uma cena que poderia soar inusitada até alguns anos atrás, hoje, é paisagem urbana.
Caso o leitor atento tenha perdido o bonde andando, aí vai um aviso: o universo cripto não é mais coisa de nerd. Bancos, corretoras e gestoras do sistema financeiro tradicional estão negociando tokens.
Quando questionado por que o mercado financeiro começou a integrar esse tipo de ativo, o head de produtos de criptomoedas da CME (Chicago Mercantile Exchange), dona da bolsa de valores de Chicago, Giovanni Vicioso, dá uma resposta simples: “porque não dava mais para ignorar”. Há muito dinheiro rodando nesse mercado.
Se não pode com eles, junte-se a eles. É mais ou menos esse o pensamento do mercado. A institucionalização das criptomoedas está facilitando o processo de investimento nelas: há instrumentos como ETFs, opções e contratos futuros que permitem a exposição de investidores a esse mercado sem sair do sistema tradicional.
É possível comprar cotas de ETFs que simulam a movimentação do bitcoin, por exemplo, sem comprar um bitcoin ou uma fração dele. Você estará exposto à volatilidade dele sem ter que se comprometer com uma corretora cripto, por exemplo. “Capiche”?
Vicioso ainda explica que levar esses ativos para instituições renomadas ajuda a popularizá-los —afinal, muita gente tem medo de colocar seu dinheiro em uma corretora nichada, como foram as primeiras do mercado cripto.
Mudanças. O “GENIUS Act”, primeira lei federal nos EUA que estabelece um marco regulatório abrangente de criptomoedas, melhorou o cenário para a negociação de tokens. Saber as regras do jogo é muito importante para quem quer investir e, antes, não havia um manual definitivo.
A legislação inspirou alguns IPOs de empresas e corretoras focadas em criptoativos na bolsa de valores de Nova York, como a Bullish.
Aqui no Brasil, esse tipo de investimento é permitido e regulamentado, mas há desejo por um arcabouço legal maior.
Inclusive, o relator da MP (Medida Provisória) que aumenta impostos para elevar a arrecadação, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), incluirá no texto a criação de um programa temporário para regularização de ativos virtuais de origem lícita, mas declarados com incorreções ou que não foram declarados à Receita Federal.
Mar de rosas? Nada nunca é. Algumas criptomoedas já estão bem solidificadas no “mainstream” dos investimentos, como bitcoin, Ethereum e Solana. Contudo, o ambiente cripto ainda é um solo fértil para a especulação financeira —já falamos por aqui das “memecoins”, por exemplo.
Palavras como “token” e “blockchain” ainda são desconhecidas fora do núcleo do mercado financeiro e os conceitos, mesmo que explicados, são bastante avançados —não dá para fingir que todo mundo pode ou deveria comprar um bitcoin, sem nem saber como funciona esse mundo.
No Brasil, a penetração do universo cripto pode ser ainda mais difícil. O especialista da CME lista a praticidade, rapidez, liquidez e falta de burocracia como alguns dos principais atrativos de criptoativos para investidores. Tem outro sistema que permite transações simples por aqui… um tal de Pix, conhece? Esse é um rival dos fortes.
Para Giovanni Vicioso, o mercado cripto amadureceu e continua nesse caminho. E você, o que pensa?