Ao menos 13 meninas que vivem no interior de São Paulo tiveram as fotos modificadas com deepfakes e anunciadas em sites pornográficos.
O caso foi divulgado pelo portal Metrópoles e confirmado pela Folha. A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência, que aponta três meninos como suspeitos de terem divulgado o material online
No documento, a mãe de uma das adolescentes diz que foi avisada por ela que imagens de alunas da cidade foram publicadas em um site pornográfico. Ao acessar o endereço, a mulher reconheceu o rosto da filha em imagens de nudez, que, segundo ela, são montagens feitas com corpos de outras mulheres.
As fotos foram removidas do site logo após a troca de mensagens entre os pais das vítimas em um grupo da escola. Segundo o registro, as famílias suspeitam que os autores sejam alunos da própria instituição.De acordo com a Secretaria de Segurança Pública estadual, o caso foi registrado no dia 11 de setembro, em uma Delegacia da Mulher como venda e exposição à venda de fotografia, vídeo ou outro registro e simular participação de criança ou adolescente em cena de sexo.
Já foram realizadas oitivas com as vítimas e, agora, a polícia faz diligências para esclarecer todos os fatos.
Em outubro, a Safernet, ONG brasileira dedicada à promoção e defesa dos direitos humanos na internet, divulgou uma pesquisa em que mostra que ao menos 72 adolescentes vítimas de deepfakes sexuais em escolas no Brasil.
O levantamento apontou ocorrências em dez estados: Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A organização coletou episódios noticiados pela imprensa desde 2023. Ao todo, foram identificados 16 casos, sendo a maior quantidade (25% do total) em São Paulo, e 57 agressores. Todos ocorreram em instituições de ensino privadas e envolvem pessoas de 12 a 17 anos.
Como denunciar
No site da Safernet, é possível denunciar conteúdos, artificiais ou reais, de imagens de abuso e exploração sexual infantil, pelo link denuncie.org.br
Relatos de vítimas de deepfakes podem ser feitos de forma anônima e segura diretamente por meio do formulário https://bit.ly/pesquisadeepfake ou com a ajuda de profissionais de saúde mental do canal de ajuda da SaferNet


