Nove instrumentos musicais do samba, entre eles o pandeiro, o tam-tam, a cuíca e o tamborim, foram reconhecidos uma vez que manifestações da cultura pátrio, em todo o território brasiliano. A lei que oficializa a decisão foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Quotidiano Solene da União nesta segunda-feira (30).
Também estão reconhecidas uma vez que práticas e tradições culturais os modos de fazer os instrumentos musicais.
Na lista dos nove instrumentos conhecidos das rodas e escolas de samba também estão o surdo, o rebolo, a frigideira, a timba e o repique de mão.
De congraçamento com a lei, todos os instrumentos deverão ser denominados uma vez que manifestações da cultura pátrio quando seguirem as práticas e tradições culturais a eles associadas em seus respectivos modos de produção. As formas e os modos de produção dos instrumentos musicais serão detalhados em decreto.
Mestra de percussão, a paulista Jackie Cunha, de 32 anos, sabe tocar esses instrumentos, com exceção da cuíca. Ela conta que começou aprender sobre os instrumentos ainda menino, levada pela mãe nas rodas de samba paulista. Aos sete anos, já tocava o primeiro pandeiro.
Para a percussionista, o reconhecimento solene dos instrumentos do samba deve ser festejado, mesmo que tardio.
“A valia é gigantesca. Você encontra surdo, caixa, tamborim e pandeiro em diversos ritmos, além do samba, por trazerem essa sonoridade, essa riqueza de detalhes, essa riqueza sonora”, disse.
O percussionista Glauber Marques é a terceira geração de cuiqueiros da família. Aprendeu com o avô batuqueiro a tocar o instrumento numa das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo: a Nenê de Vila Matilde.
“A espírito do samba é o instrumento, o coração da batucada, a sintoma está no batuque, no som. Sem instrumento não tem samba. A cuíca, uma vez que dizia meu avô, é o instrumento mais malandro, ela chora e dá risada ao mesmo tempo”, conta.
De instrumento de samba, a mestra de bateria Rafa entende. Sob o comando dela, estão 172 ritmistas da escola de samba Imperatriz da Pauliceia. Em 2015, ela se tornou a primeira mulher no comando de uma bateria de escola de samba em São Paulo.
Para Rafa, mesmo com afinações e andamentos melódicos diferentes, seja numa roda de samba, seja numa bateria de escola durante o carnaval, os instrumentos musicais dão corpo e espírito ao samba.