Tornado: desabrigados vivem incerteza no Paraná - 09/11/2025 - Cotidiano

Tornado: desabrigados vivem incerteza no Paraná – 09/11/2025 – Cotidiano

Famílias que se viram desabrigadas após o tornado que devastou de Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do Paraná, vivem a angústia e a incerteza de saber quando poderão voltar para casa. Quarenta pessoas nessa situação foram para o abrigo de Laranjeiras do Sul, cidade vizinha que fica a 18 km dali. Outras mil estão provisoriamente na residência de parentes ou amigos.

Neste domingo (9), ensolarado e quente, algumas pessoas puderam retornar ao município atingido pelo tornado na tarde de sexta (7). “Foi muito triste voltar porque na sexta a gente não viu quase nada. Hoje a gente viu como estão as coisas. A sorte é que, quando cheguei na casa, encontrei nossos documentos. Uma parte sumiu, mas os documentos principais conseguimos recuperar”, afirmou Paulo Oidella, 54, morador de Rio Bonito desde 1988.

Ele foi levado para o abrigo ainda na sexta, onde está com os filhos Marcos Paulo, 19, e Adriano, 16. O filho mais velho chegou só neste domingo ao abrigo. Com ferimentos no pé, ele estava internado em um hospital de Laranjeiras do Sul.

Desde sexta, o serviço médico e de socorro da região atendeu 835 pessoas. Neste domingo, mais de 30 seguiam internadas, sendo quatro delas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Cinco das seis pessoas que morreram em razão da forte tempestade no Paraná viviam em Rio Bonito. Neste domingo, os corpos de quatro delas foram velados no salão paroquial da Igreja São Sebastião, no distrito de Campo do Bugre, que não chegou a ser atingido pelo tornado.

De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), os ventos chegaram a 250km/h em Rio Bonito às 18h10 de sexta. Isso significa um tornado de intensidade de nível 3 na escala Fujita, que vai de 0 a 5.

Meteorologistas do Simepar ainda analisam a hipótese de outros tornados terem passado pelo Paraná na sexta, inclusive na zona rural de Guarapuava, que fica a mais de 100 km de Rio Bonito, e onde morava a sexta vítima das tempestades de sexta.

A estimativa da Defesa Civil é de que quase 90% da cidade tenha sido destruída, e o domingo foi principalmente de remoção de destroços. De acordo com a gestão de Ratinho Junior (PSD), cerca de 200 engenheiros da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná) e do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) iniciaram neste domingo a avaliação dos prejuízos e também da condição estrutural das construções.

Duas escolas estaduais do município foram danificadas e passariam por vistoria. Neste domingo, a cidade não pôde fazer o primeiro dia do Enem. Segundo o Ministério da Educação, haverá reaplicação da prova nos dias 16 e 17 de dezembro. .

A Secretaria de Estado da Educação disse que as sete escolas estaduais do município não terão aulas nesta segunda-feira (10). A data de quando serão retomadas é avaliada. A pasta acrescentou que atua para que o retorno “ocorra com segurança e no menor prazo possível”.

Neste domingo, o coordenador da Defesa Civil no estado, coronel Fernando Schunig, afirmou que a cidade deve estar limpa em dois ou três dias, em referência ao processo de retirada de entulhos e escombros resultantes da passagem do tornado. Além de destruir imóveis, o tornado derrubou árvores e revirou carros.

Segundo Schunig, não falta maquinário em Rio Bonito, o que inclui caminhões e tratores. Ele citou mais de 30 equipamentos cedidos pelo município e por cidades vizinhas.

Os entulhos estão sendo concentrados, temporariamente, em um campo. “Em um segundo momento, vamos ver qual é o melhor local para fazer essa destinação ambientalmente correta”, afirmou o coronel.

O Governo do Paraná anunciou uma ajuda financeira a moradores para compra de material de construção. Neste domingo, a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) se reuniu em sessões extraordinárias para votar uma proposta que prevê agilizar o socorro a famílias afetadas.

O projeto de lei altera o Fecap (Fundo Estadual para Calamidades Públicas) e foi aprovado na noite deste domingo por unanimidade. O texto autoriza que recursos sejam repassados diretamente para famílias com casas destruídas na região de Rio Bonito, sem a necessidade de convênios. Até então, a lei permite apenas as transferências “fundo a fundo” entre o estado e os municípios.

Os critérios ainda devem ser estabelecidos por decreto, assim como os valores. Mas o governo estadual anunciou que a ideia é liberar até R$ 50 mil por família. A cidade tem quase 14 mil habitantes.

“Serão liberados mais de R$ 50 milhões para o município afetado, só que se faz necessário que as pessoas façam o cadastro para que recebam esse benefício para a reconstrução da sua residência e também para outras necessidades porventura neste momento”, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira.

“Isso vai desburocratizar, uma vez que não é necessário o repasse para a prefeitura. Passa direto para a pessoa que foi afetada e que foi cadastrada pelo programa”, acrescentou.

De acordo com o secretário, um mutirão deve ser realizado nos próximos dias para refazer documentos de identidade perdidos pelas vítimas na tragédia.

O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, esteve na cidade neste domingo e também anunciou a liberação imediata de R$ 15 milhões para reconstrução de uma escola e de um ginásio, todos municipais.

Góes afirmou que o governo federal deverá fazer a antecipação de benefícios assistenciais para moradores da região.

O munícipio decretou estado de calamidade pública, reconhecido pelo governo federal na tarde de sábado. No sábado, a ministra Gleisi Hoffmann já havia passado pela cidade, assim como o governador Ratinho Junior.



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