Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (10) que estão auxiliando o novo governo da Bolívia diante da grave crise econômica que o país enfrenta. A declaração foi feita pelo subsecretário de Estado americano, Christopher Landau, poucas horas após seu retorno de La Paz, onde participou da posse do presidente Rodrigo Paz, de centro-direita.
O novo presidente boliviano anunciou no sábado (8) a retomada das relações diplomáticas de alto nível com Washington, rompidas desde 2008, quando o então presidente Evo Morales, de esquerda, expulsou o embaixador americano sob a acusação de conspirar com a oposição.
“Estamos apoiando este novo governo democrático da Bolívia diante da difícil situação econômica que herdou”, afirmou Landau. Segundo ele, a cooperação dos EUA se concentra no financiamento para a compra de combustíveis e em iniciativas na área da saúde.
A Bolívia enfrenta há meses uma escassez de combustíveis, após o governo anterior, de Luis Arce, ter praticamente esgotado as reservas de dólares do país para sustentar uma política de importação e subsídio de combustíveis no mercado interno.
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Landau classificou o abastecimento de energia como “uma necessidade urgente para o país” e afirmou que Washington está em negociações com o governo de Paz para definir a melhor forma de apoio.
Entre as opções avaliadas está o uso do Eximbank, agência de crédito à exportação dos EUA, para financiar a compra de combustíveis, além do apoio de Washington em organismos internacionais para viabilizar novos empréstimos ao país sul-americano.
Na área da saúde, os EUA doaram medicamentos e equipamentos médicos avaliados em mais de US$ 700 mil (cerca de R$ 3,7 milhões) destinados ao tratamento da aids, informou o subsecretário.
“Para nós, este é um grande momento de renascimento na relação entre nossos países”, afirmou Landau, acrescentando que o restabelecimento das relações diplomáticas ocorrerá em nível de embaixadores.
A vitória de Rodrigo Paz representou uma guinada na política externa boliviana que encerrou um domínio de quase 20 anos do Movimento ao Socialismo (MAS), partido liderado por Evo Morales de 2006 a 2019 e, posteriormente, por seu sucessor, Luis Arce.
“A Bolívia fazia parte de um grupo de países que se diziam anti-imperialistas, que se distanciaram dos EUA e acabaram mergulhando em um colapso econômico total”, afirmou Landau. “O socialismo do século 21 está morto na Bolívia. E acredito que isso é um bom presságio para o restante da região.”


