O mausoléu do Vale dos Caídos, um dos principais símbolos do franquismo e que abrigou até 2019 o túmulo do ditador Francisco Franco, será remodelado, anunciou nesta terça-feira (11) o Ministério da Habitação da Espanha. O governo divulgou o projeto vencedor de um concurso internacional lançado para redefinir o sentido do local, hoje oficialmente rebatizado como “Vale de Cuelgamuros”.
O projeto, chamado “A base e a cruz”, propõe uma nova visão para o conjunto monumental, segundo o ministério, que fez o anúncio poucos dias antes da data que marca os 50 anos da morte de Franco, em 20 de novembro de 1975. A iniciativa busca transformar o espaço, historicamente ligado à ditadura, em um local de reflexão sobre a memória histórica espanhola, não de exaltação do regime.
O Vale dos Caídos, construído por ordem de Franco a cerca de 50 quilômetros de Madri, abriga uma basílica coroada por uma cruz de 150 metros de altura, visível a quilômetros de distância. O monumento foi erguido por milhares de presos políticos, que trabalharam por duas décadas em condições duras.
Estima-se que cerca de 33 mil combatentes da Guerra Civil Espanhola estejam enterrados ali, entre franquistas e republicanos, sendo que os corpos de muitos foram levados ao local sem o consentimento das famílias.
Lá Fora
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Desde que chegou ao poder em 2018, o governo do socialista Pedro Sánchez tem feito esforços para revisar o legado do franquismo e reconhecer as vítimas da ditadura. Em 2022, aprovou a Lei da Memória Democrática, que obriga as autoridades a remover símbolos do regime e a promover políticas de reparação e educação histórica.
Franco foi enterrado no altar da basílica após sua morte, em 1975, em um local de destaque, o que transformou o santuário em ponto de peregrinação de simpatizantes do ditador. Em 2019, o governo ordenou a exumação e transferência de seus restos mortais para um cemitério nos arredores de Madri.
Em abril de 2023, o mesmo ocorreu com os restos de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange, partido fascista que serviu de base ideológica ao regime. Mesmo após essas medidas, o local continua sendo frequentado por nostálgicos do franquismo.
