Édouard Louis, estrela da Flip, faz amigos brasileiros - 13/10/2024 - Ilustrada

Édouard Louis, estrela da Flip, faz amigos brasileiros – 13/10/2024 – Ilustrada

Édouard Louis se liberta. O gaulês de 31 anos, grande sensação internacional desta Flip ao lado de Mohamed Mbougar Sarr, se despede da equipe da Todavia, sua editora no Brasil, e sai flanando pelas ruas de Paraty.

Os editores descobriram que não havia ido para o quarto da Pousada do Ouro, uma das mais luxuosas dessas bandas, porque amigos começaram a postar selfies com o repórter, solto pelo núcleo histórico da cidade.

Solto estava, soltou ficou. O responsável de “Monique se Liberta”, seu mais recente, e de coqueluches literárias porquê “O Termo de Eddy” chegou na véspera da sua mesa, marcada para o sábado (12). Mostrou bateria social para enfileirar as festas da Todavia e da Lar Sete Selos, onde dançou tanto que no dia seguinte temeu não ter voz para sua participação na Flip.

Na primeira paragem festiva, ficou na roda de Gregorio Duvivier, com quem tem um bate-papo nesta quinta (17), no Rio. Duvivier chegou a chamá-lo para jogar futebol com Chico Buarque, invitação que Sarr já havia topado —dois dias detrás, o senegalês encarou uma pelada com o cantor e seu time amante Politheama.

Mas deu boi na risco na tradução: o repórter e humorista falou futebol em gaulês, reduzido para foot, e Louis entendeu flûte, que é flauta no mesmo linguagem. De qualquer modo, não tocou flauta nem jogou futebol no Brasil. Não ainda, pelo menos.

Depois sua mesa no dia seguinte, foi à sarau da Lar República e ainda estendeu a noitada bebendo na rua.
A agenda por cá é intensa. Tem duas mesas na Flip. Na segunda (14), Marina Person será a anfitriã de um jantar para poucos convivas em sua homenagem. Terça (15) será o dia de falar na livraria Megafauna em São Paulo, seguida de uma sarau na Lar de Francisca, também no núcleo paulistano.

Algumas caras já são conhecidas. Com José Henrique Bortoluci ele tomou um moca em Paris. Tinha recebido a tradução em gaulês de “O que É Meu”, livro que o brasílico discutiu na Flip de 2023. Também ganharam exemplares os conterrâneos Annie Ernaux, prêmio Nobel de literatura, e Didier Eribon, filósofo citado em livros de Louis.

Foi o colega Didier, a quem credita porquê responsável por um despertar intelectual, que recomendou a obra de Bortoluci ao gaulês. Os dois compartilham em seus escritos a sensação de viver uma vida dupla porquê alguém que trafega na escol intelectual e veio das margens sociais.

Louis o adicionou no Instagram, e a amizade nasceu. A escritora Tati Bernardi, colunista da Folha, também era um rosto familiar. Uma vez que Louis e Bortoluci, também ela fala sobre o desconforto de viver entre dois mundos, uma origem na classe média baixa e um presente na escol progressista.

Eles já tinham conversado por Zoom, para uma longa entrevista que o jornal publicou na sexta (11). Bernardi ganhou dela a epíteto de “minha anja”.

Louis não nega foto com admiradores, mas gosta de controlar sua imagem. Costuma pegar o celular da pessoa para ele mesmo tirar a selfie. Escolhe o ângulo e gosta de transpor com só a metade do rosto à mostra.

Na sessão de fotos para a Folha, foram quatro locações diferentes e centenas de cliques. Aprovou um punhado. A certa profundidade, passando pelas fotos, vetou uma. “Não, essa eu estou parecendo meu pai.”

Seu “Quem Matou Meu Pai” fala da experiência de crescer numa cidade do interno gaulês, talhada pela pobreza e pela homofobia que viveu dentro e fora de moradia.

Também rejeitou um tipo específico de retrato. “Pode ser em qualquer lugar, menos natureza e livros.”
Da América Latina, já conhecia Buenos Aires e estava entusiasmado para vir ao Brasil. O invitação para a Flip lhe chegou pela Wylie, sua filial literária, uma gigante no meio. Não cobrou cachê.



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