Em entrevista ao programa Dando a Real com Demori, da TV Brasil, exibido no termo da noite desta terça-feira (15), o candidato à prefeitura da capital paulista, Guilherme Boulos (PSOL), destacou a valor do “fenômeno” do empreendedorismo na capital paulista e apresentou um pacote de propostas específicas para esse público.
Entre as propostas citadas por Boulos para os empreendedores está a liberação dos carros de aplicativos, uma vez que o Uber, do rodízio municipal de veículos, e a geração de bases de suporte para folga e aproximação a banheiros e as tomadas de força para os motoristas.
“Eles são trabalhadores. Só que é um trabalhador que construiu sua jornada de jeito dissemelhante. E que quer outra coisa do Estado e da política. Primeiro que não o atrapalhe. Porque frequentemente a prefeitura aparece, chega para um pequeno empresário, um pequeno negociante, para delatar. Ou só com um boleto na mão”, disse o candidato do PSOL no programa comandado pelo jornalista e repórter Leandro Demori.
Boulos ressaltou que incorporou a seu projecto de governo uma proposta da candidata do PSB, Tabata Amaral: o Jovem Empreendedor, um programa de crédito para jovens que estão montando sua primeira empresa.
“Eu estou assumindo um compromisso com esse segmento [dos empreendedores]. Que é de, olha, o nosso campo político vai voltar a olhar para vocês. O nosso campo político vai apresentar propostas reais para vocês e a prefeitura de São Paulo, a partir de 1º de janeiro do ano que vem, vai ajudar essas pessoas a terem prosperidade”.
Na capital paulista, os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) vão disputar o segundo vez das eleições. No primeiro vez, Nunes recebeu 1.801.139 votos e Boulos, 1.776.127. O terceiro posto, Pablo Marçal (PRTB), teve 1.719.274 votos.
“Uma secção importante do eleitorado do Marçal votou querendo mudança e viu no exposição dele alguém que falava com seus anseios de prosperar. Portanto, acho que a gente precisa refletir isso. Onde nós erramos em perder o diálogo com essas pessoas?”, disse Boulos na entrevista.
“O nosso campo político, até pelo nosso compromisso ético de ter um foco e de ajudar sempre os mais pobres, de pegar aquela pessoa que está ali no limite, que está na rua, que está com inópia, ou olhar para o trabalhador mais formal, o nosso campo político deixou de falar com essas pessoas [empreendedores]”, reconheceu.
Moradia e imóveis públicos
Espargido por ser uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos destacou sua proposta de combater o déficit habitacional na capital paulista a partir da utilização de imóveis públicos que, atualmente, estão sem uso na cidade. “Quando o imóvel é privado, depende sempre da Justiça. Por isso que no meu programa de governo, a gente quer trabalhar sobretudo com os imóveis públicos”.
Na entrevista, o candidato do PSOL destacou que já solicitou um levantamento dos imóveis vazios na capital paulista, pertencentes ao Instituto Vernáculo do Seguro Social (INSS), e que pretende utilizá-los, quando provável, para a moradia popular.
“O INSS não trabalha com imóvel. Mas, uma vez que ele faz realização de dívida tributária de uma empresa, às vezes, a garantia é o imóvel, o imóvel vai para o INSS. E fica lá largado, porque ele não tem o que fazer com o imóvel”.
Boulos ressaltou que foi ele quem levou a teoria ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de produzir o programa Imóvel da Gente, também publicado uma vez que Programa de Democratização de Imóveis da União, lançado no início do ano, iniciativa que visa destinar imóveis da União para fins sociais, uma vez que moradia, instrução e saúde pública.
“Eu, uma vez que prefeito de São Paulo, vou ser parceiro de iniciativas uma vez que essa e fazer com que os imóveis públicos, sobretudo da prefeitura e do governo federalista, virem moradia para as pessoas que precisam”, disse.
Segurança
Apesar de segurança pública ser prioritariamente de responsabilidade dos governos estaduais, e não das prefeituras, o candidato do PSOL defendeu que a governo municipal de São Paulo atue por meio da Guarda Social Metropolitana.
“Eu acho que, muitas vezes, o campo progressista errou de não colocar o debate da segurança pública com a valor que tem. É lógico que há um elemento de desigualdade social [na causa desse problema]. Nós nunca vamos ter a segurança da Suécia com a desigualdade da África do Sul. Agora, isso não quer expressar que você tem que esperar resolver o problema da desigualdade social para cuidar da segurança”, disse.
Boulos ressaltou que pretende flectir o efetivo da Guarda Social Metropolitana (GCM) da capital paulista, para aumentar a segurança nos pontos de ônibus, nas escolas e locais com maior índice de assaltos.
Para o combate ao roubo de celulares, o candidato afirmou que pretende fazer uma ação semelhante ao que o governo do Piauí tem feito e obtido sucesso. “A minha proposta é montar uma força-tarefa envolvendo fiscalização da prefeitura, GCM, invocar a Polícia Social, invocar a Polícia Federalista, a Receita Federalista, para a gente atuar com perceptibilidade onde estão sendo vendidos os celulares roubados e fazer uma operação permanente”.
A entrevista na íntegra pode ser vista cá.
O candidato Ricardo Nunes também foi convidado a participar do programa, mas não confirmou presença.