Inexiste suruba polarizada — quer expor: acho que não… Tensão mesmo, do tipo infelizmente inconciliável à quadra, existia, por exemplo, entre PT e PSDB, aqueles dois partidos das eras priscas, ambos quase bíblicos porque irmãos que já começaram a competir no ventre materno: a democratização, com suas distintas visões do paraíso. Abel e Caim. Esaú e Jacó. Mas uma vez que tudo estava na mente divinal — que não era a do Senhor, mas a de uma tal dialética —, os tucanos, com o Projecto Real, tiraram o país das ruínas do delongado a que o havia relegado a ditadura. Veio o PT e colocou, na medida do provável, os miseráveis no Orçamento. O país enfrentou barrancos aos trancos, mas avançou.A cada vez que me falam sobre polarização, meu pensamento se alheia.Em Goiânia, o extremista de direita Jair Bolsonaro apoia um tal Fred Rodrigues (PL), e o contendedor no segundo vez é Sandro Mabel (União Brasil), bem pelo governador Ronaldo Caiado, um direitista inequívoco, mas não do tipo que combate a vacina ou o distanciamento social em caso de pandemia. Na disputa deste ano, o Mito roído e rumor reservou a Caiado uma de suas falas mais hidrófobas. Houvesse a tal “polarização”, Rodrigues e Mabel estariam contra a petista Adriana Accorsi, que ficou em terceiro, com 24,44% dos votos, não tão longe de Mabel (27,66%). O tal Fred chegou com 31,14%. Tudo indica que o candidato do governador vai vencer a jornada final. E com secção do eleitorado que tinha escolhido Adriana. As definições de “polarização” andam sendo continuamente atualizadas.E em São Paulo? Viram uma vez que foi fácil ao “coach” saltar de seu mundo paralelo nas redes para assombrar o da política, falando coisas ainda mais delirantes e reacionárias do que o próprio Bolsonaro, mas oferecendo ao sistema límbico das hostes do ódio satisfações e prêmios que pareciam mais palpáveis? Enquanto o “Mito” prometia entregar a cabeça de comunistas num poste — voltou à sua litania nesta quarta —, o outro oferecia quantia. Nunes chafurdou na aviltamento da extrema-direita quando foi preciso espancar Marçal, não para dar combate a Boulos. Polarização?Em Cuiabá, o petista Lúdio Cabral disputa o segundo vez contra o ultrabolsonarista Abílio Brunini (PL). Obtiveram no primeiro vez, respectivamente, 28,31% e 39,61%. Lembre-se: na dita “polarização” da capital do Mato Grosso, a vice de Lúdio é Rafael Fávaro, do PSD, filha do ministro da Lavradio, Carlos Fávaro, uma das vozes do agro no Estado. Alguns potentados do setor, diga-se, estão a expor no Estado: “Agora é 13”. Pesquisas apontam empate técnico entre os dois. Segmento da escol do Estado, oferecido o comportamento do deputado Brunini na Câmara, acha que ele não bate muito dos pinos. Que polarização é essa?Por que desavença a extrema-direita? Porque precisa lançar um nome para enfrentar Lula em 2026, e aquele que não permite que pré-candidato nenhum prospere à sua sombra, Bolsonaro, insiste que será ele próprio o candidato, quando se sabe que não será. Não há a menor chance de sua inelegibilidade ser revertida — duvido um tanto que a anistia seja votada; se aprovada, será declarada a sua inconstitucionalidade —, mas ele vai obstinar enquanto puder porque isso lhe confere a privilégio da escolha. Houvesse uma polarização, o extremista de direita que surgir haveria de convocar para a luta o PP, o Republicanos, o União Brasil, o PSD e o MDB. Todos eles têm ministérios no governo de Lula — de “extremíssima-esquerda”, não é mesmo?
Créditos
![Reinaldo Azevedo](https://portaltac.com.br/wp-content/uploads/2024/10/Sebastianistas-do-Nem-Nem-acusam-polarizacao-porque-querem-eleicao-sem-Lula.jpg)
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