Reinaldo Azevedo

Musk, “primeira-dama de Trump”, ironiza Janja e ameaça interferir no Brasil

FALA DESCABIDA COM VOCABULÁRIO IMPRÓPRIOOcupasse ela um cargo político no governo, o vocabulário seria obviamente incompatível com a dignidade da função. É inaceitável que o debate público seja feito desse modo. Se há — e há, às pencas — quem exagere no palavrão para se referir a adversários, os que prezam pela disciplina no embate devem evitar tal escolha. Mais do que isso: é preciso lastimar o apelo ao baixo calão, à agressividade que rende “likes” e pouca luz, à elevação gratuita da temperatura política, que a ninguém aproveita, a não ser a demagogos e populistas. “Mas você mesmo diz que ela não é titular de cargo político; é mulher do presidente”. Bem, então é preciso redobrar a vigilância — em assuntos como esse e em quaisquer outros — para não restar a impressão de que embargos e desembargos auriculares, que se exercem na intimidade da casa, são mais importantes do que a articulação política propriamente. Não adianta: verdade ou mentira, tudo o que Janja diz e faz acaba sendo interpretado como decisões que contam com a anuência de Lula.Ainda que ela seja filiada ao PT e atue como militante do partido — não sei se é assim mesmo —, essa condição não se sobreporia, aos olhos do público, ao fato de é que é mulher do presidente. Se ela, não tendo cargo, não pode responder por soluções, é inaceitável que crie problemas.PRECONCEITO E MISOGINIAHá, sim, em setores da imprensa uma mais do que pronunciada antipatia por Janja. Em parte, parece-me, deixam-se contaminar pela misoginia secretada e excretada pelo bolsonarismo. Essa conversa, por exemplo, de chamar os shows ligados ao G20 — Aliança Global Festival — de “Janjapalooza” é só reacionarismo burro e rancor. Verte-se adicionalmente fel contra o fato de que empresas estatais e mistas estiveram entre os patrocinadores. Mas também constam da lista a Prefeitura do Rio e o BID, por exemplo. “Janjapalooza” por quê? Ela apenas integra o grupo que organizou o evento. Trata-se, em suma, de uma mistura de desinformação com maledicência.E não vou dizer a Janja algo como: “Já não gostam muito de você; tente se controlar”. Jamais o faria porque não se deve dar a adversários ou inimigos a prerrogativa de pautar nossas ações ou respostas. Mas direi, sim, de forma convicta: “Cada erro seu será amplificado ao máximo e será usado contra o governo do presidente Lula. Então é preciso errar menos.”RESPOSTA DE MUSKÉ claro que os críticos de nariz marrom aqui do Brasil Janja — com alguma frequência, nem de motivos precisam para isso — e ignoraram a resposta de Musk. Ao fazê-lo, deram um jeito de esquecer quem ele é. Ou melhor: evocaram-se os seus superpoderes apenas para criticar Janja.



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