O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) termina 2025 reforçando à sua equipe que disputará a reeleição no ano que vem e pedindo pressa na conclusão de projetos, enquanto parte de seus principais aliados ainda espera uma reviravolta que o leve à Presidência.
Desde que o senador Flávio Bolsonaro (PL) se lançou pré-candidato contra Lula (PT), com apoio do pai, Jair Bolsonaro (PL), surpreendendo Tarcísio, sua equipe e dirigentes de partidos aliados, o governador vem dizendo a interlocutores que nunca assumiu querer o Palácio do Planalto em 2026. Ele tem reafirmado que seu objetivo é se reeleger governador.
Tarcísio tirará 17 dias de férias e ficará de fora do governo a partir desta sexta (26), até 11 de janeiro. A folga vem depois de uma reta final com agendas públicas diárias na capital e na Grande São Paulo, áreas em que foi mal nas eleições passadas, para entregar obras e renovar promessas.
Neste período, assumirá a administração estadual o vice-governador Felicio Ramuth (PSD), que, segundo aliados de Tarcísio, é o preferido para a sucessão, caso o governador ainda concorra à Presidência, ou para continuar na vice da chapa à reeleição.
No sábado (20) e na terça-feira (23), Tarcísio participou de eventos para entregar moradias populares no litoral e em Guarulhos, um viaduto estaiado no ABC, parte do trecho norte do Rodoanel e o piscinão Jaboticabal, projetado para conter enchentes entre a capital e as vizinhas São Caetano e São Bernardo do Campo.
Em todos os eventos, o governador parou para tirar fotos com operários e apoiadores, fez discursos prometendo novas linhas de metrô e, no Rodoanel e no piscinão, aproveitou para destacar que seu governo “combate a corrupção”, associando atrasos nos projetos à Operação Lava Jato e a adversários petistas.
O governo Tarcísio afirma ter entregue 80 mil unidades pelo Casa Paulista, considerando imóveis que receberam aporte estadual de cerca de R$ 10 mil. No Rodoanel, Tarcísio deu continuidade a edital da gestão anterior e entregou parte do trecho norte. Já o piscinão Jaboticabal também teve início antes, e seus atrasos foram atribuídos pelo então governador João Doria à gestão Bolsonaro, da qual o governador fazia parte. Essas informações ficaram de fora do discurso.
Aliados afirmaram à Folha que Tarcísio já havia indicado querer um fim de ano com entregas para mostrar, mas ressaltam que o impulso se intensificou após o lançamento da pré-candidatura de Flávio, com ênfase maior na reeleição.
A ordem para agilizar a conclusão de projetos foi direcionada especialmente a secretários que devem deixar os cargos para concorrer ao Legislativo no ano que vem —que Tarcísio quer fora do governo ainda em janeiro.
Quatro secretários ainda devem sair, além de Guilherme Derrite (PP), que já deixou a Segurança Pública para tentar o Senado: Guilherme Piai (PL), da Agricultura; Helena Reis (Republicanos), de Esportes; e Roberto Lucena (Republicanos), de Turismo, devem se lançar à Câmara dos Deputados. Gilberto Kassab (PSD) disse que pretende coordenar a campanha de seu partido, do qual é presidente nacional.
A expectativa de que Tarcísio disputasse a Presidência havia levado lideranças políticas paulistas a se movimentarem em busca do cargo de governador, em uma batalha de bastidores. Esse movimento, segundo a Folha apurou, arrefeceu.
Na terça, durante a entrega do piscinão Jaboticabal, um dos que tentavam se cacifar ao governo, o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), esqueceu-se de citar, em seu discurso, outro dos que buscavam o posto: o presidente da Alesp, André do Prado (PL).
O episódio foi tratado como um desencontro protocolar e terminou com um gesto de cordialidade pública, com Nunes convidando Prado para visitarem juntos uma obra da prefeitura, na zona norte, na parte da tarde —convite que o deputado aceitou.
Contudo, no círculo mais próximo de Tarcísio, a permanência do governador em São Paulo ainda não é tida como certa por unanimidade —aliados ainda veem chance de Flávio desistir da candidatura presidencial.
Colaborou Ana Luiza Albuquerque


