PESQUISA DATAFOLHAPesquisa Datafolha divulgada neste sábado, com dados colhidos entre os dias 2 e 4, aumenta a pressão contra a candidatura de Flávio, que começou ontem, logo depois do anúncio. A recepção “duzmercáduz”, como vimos, foi péssima. A do Centrão, em “on” ou em “off”, foi a pior possível. A esfera que se formou foi de incredulidade. Os porta-vozes informais de Tarcísio espalharam a sua decepção e cuidaram dos embargos auriculares: “Com ele, não dá”. Insisto: o próprio Flávio deve dizer a si mesmo e a eventuais confidentes: “Também acho que comigo não dá; lembrem-se que sou o negociante da família; o metido a ideólogo é meu irmão, o Eduardo”.O anunciado candidato da família perderia para Lula por 51% a 36% se a eleição fosse hoje, segundo o instituto. A vantagem do petista sobre Tarcísio seria de cinco pontos, não de 15: 47% a 42%. É quem mais se aproxima do atual presidente — 52% a 35% contra Eduardo; 50% a 39% contra Michelle; 47% a 41% contra Ratinho —; é o homem dos endinheirados, ainda que não haja razão para que o prefiram a Lula, e é o nome dos sonhos do centrão, que quer preservar incólumes as emendas e pretende que a Polícia Federal e o STF deixem a turma em paz: afinal, esses patriotas patrocinaram em poucos meses a PEC da Bandidagem e tentaram usar o PL Antifacção para se blindar da PF. Do facão nos gastos com pobres, passando pela incolumidade do Centrão e chegando à venda do patrimônio público, Tarcísio diz: “A garantia sou eu”.SERÁ QUE OS BOLSONAROS VÃO RESISTIR?Será que os Bolsonaros vão resistir? Flávio, por ele, faz um acordo antes que Jair dê o segundo soluço. Vê-se apenas ocupando um espaço para a família não perder relevância no jogo sucessório. Com Eduardo, e creio que Carlos o seguiria se preciso, a coisa é diferente: ele se impôs um sentido de missão e acredita que a cruzada que chama “conservadora” do Brasil pode conviver com uma eventual reeleição de Lula, desde que o bolsonarismo continue nas mãos de um Bolsonaro, porque só assim vislumbra, num prazo sem data, uma redenção. A rigor, só existe um partido no Brasil: chama-se PT. O resto é arranjo, sujeito a pressões regionais. O ainda deputado sabe que isso a que se chama “bolsonarismo” é, na comparação com o petismo, relativamente recente e precisa cultivar valores — lá os deles — e uma metafísica se quiser realmente durar. Com o Tarcísio rendido ao centrão, o destino fatal seria a diluição, por mais reacionário que seja — e, insisto, em muitos aspectos, o governador de São Paulo está à direita do próprio Jair.ENTORNO DE TARCÍSIONo entorno de Tarcísio, as avaliações só convergem num ponto: Flávio, ele mesmo, aceitou a missão para negociar. O resto é divergência: há quem diga que o governador não pode aparecer como um mero Regra Três, com um sobrenome “Bolsonaro” de vice, hipótese em que seria visto como mero boneco de mamulengo. E há quem acredite que a “Operação Flávio” facilitou as coisas porque evidenciou, afinal, que o nome preferido pelo reacionarismo que conta (que eles chamam “conservadorismo” — pobre palavras nestes tempos! — é mesmo o de Tarcísio.”E você acha o quê, Reinaldo?” Acho que tudo depende da influência que Eduardo conseguirá manter na família. Ainda que Tarcísio prometa, e já o fez, indulto ao pai e que, com um presidente de extrema direita, cresçam as chances de uma anistia, deve saber que os dois expedientes são inconstitucionais. Flávio prometeu em entrevista à Folha usar a força contra o Supremo. Até o ainda deputado que mora no Texas deve ter claro que isso não aconteceria tão facilmente. De todo modo, ainda que essas ofertas se tornassem realidade, restaria a fatal diluição da força dos Bolsonaros na política. Para o Zero Três, a candidatura de Flávio tem de ser para valer. Resta que convença disso o próprio irmão anunciado como pré-candidato…POR QUE PRECIPITAR O JOGO?E por que os “Bolsonaros de sangue” precipitaram o jogo? Por causa de Michelle, a “Bolsonaro” por meros laços civis. Com dois movimentos, ela deu um olé nos herdeiros e seduziu a base. O próprio Eduardo foi posto contra a parede: se Tarcísio não serve porque não seria direitista o bastante, como explicar a aliança com Ciro Gomes? Aí lhe restaria fazer a defesa propriamente a questão clânica, o que é, convenham, um pouco complicado. Restou à mulher do “Mito” dizer que nem tudo vale para vencer o PT, coisa de que tentam convencer Eduardo sem sucesso.
Créditos

Posted inCaruaru e Região

