Reinaldo Azevedo

Eduardo no governo do RJ para manter mandato? A nudez crua das ilegalidades

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), recorreu ao Supremo para impedir qualquer nomeação para cargos comissionados em governos estaduais ou municípios. Antes de que ocorra, é improvável que a Corte se manifeste. Se acontecer, há precedentes contrários a tal pretensão. Vamos ao mais famoso: em 2016, o ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar suspendendo a posse de Lula na Casa Civil do governo Dilma. Uma gravação ilegal de conversa da então presidente com o seu antecessor, autorizada por Sergio Moro e por ele vazada também ilegalmente, criava a impressão de que se tratava de um expediente para blindar o petista de um eventual mandado de prisão. Ficou claro, mais tarde, ser mais uma das patranhas do juiz depois declarado incompetente e suspeito. Ele selecionou o conteúdo de um grampo ilegal para caracterizar o desvio de finalidade. Outras conversas que ele diligentemente omitiu, reveladas depois pela Operação Spoofing, evidenciou que criara uma armadilha. De toda sorte, se caracterizado o desvio de finalidade, tem-se a ilegalidade.Como Eduardo tem foro no STF, é claro que o tribunal não pode compactuar com a falcatrua. Mas também haveria, no caso, quem nomeia. Governadores são processados e julgados pelo STJ. Será preciso ver a que entendimento chegariam as respectivas cortes para dar trato a esse concerto delitivo. E isso ainda não diz tudo. Quem quer que eventualmente colocasse a mão nessa cumbuca, Castro ou Mello, estaria evidentemente se candidatando a ser um novo financiador das ações de Eduardo, investigado, reitero, por coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa, abolição violenta do Estado de direito e possível conluio com governo estrangeiro. Quem quer ser parceiro de Eduardo nessa jornada, ainda que em outro foro?A especulação só informa o grau de delinquência política a que chegou a extrema direita no país. A reta final de Bolsonaro rumo à cadeia está deixando essa gente doida. Aos poucos, a retórica do interesse público, sempre vazada com alta voltagem de moralismo, vai se diluindo, e só resta a nudez crua da verdade, aquilo que realmente são: truculentos, embusteiros e golpistas. Parece que a ideia agora é tentar dar um olé em dois tribunais superiores ao mesmo tempo.Acho que não vai dar certo. Mas não me oponho a que outros entrem na fila da investigação.



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