Viram? O “fator Bolsonaro” que aparecia no primeiro parágrafo se anularia se o Brasil fizesse as suas vontades, ainda que, com efeito, ele atribuísse o tarifa extra de 40% (além da recíproca, de 10%) às desventuras do “Mito” com a Justiça.Mas é evidente que Bolsonaro e seus braços operantes eram apenas os bonecos de mamulengo com os quais Trump brincava para tentar arrancar concessões econômicas do Brasil. Não há caso de correntes de direita e extrema direita mundo afora que tenham se alinhado com ele na imposição de taxas, ainda que o vissem como um aliado ideológico. O único país em que apareceram esses palhaços macabros foi o Brasil. Só Eduardo Bolsonaro e o tal Paulo Figueiredo? Que nada! Os governadores de extrema direita que se querem pré-candidatos à Presidência também silenciaram e ainda atacaram Lula, acusando-o de ser o responsável por aquelas aberrações. Há um caso até anedótico. Romeu Zema (Novo), de Minas, afirmou que as tarifas nada tinham a ver com Bolsonaro e se deviam à defesa que fez o presidente brasileiro do comércio em moeda local nos BRICs. O Zero Três soltou os cachorros contra ele lá do Texas: “É claro que tem a ver com meu pápi”…Há obviamente o componente de natureza ideológica, especialmente nas punições aplicadas aos ministros do Supremo — só conservam seus vistos para entrar nos EUA Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques —, em particular contra Alexandre de Moraes, submetido aos absurdos da Lei Magnitsky. E é certo que isso precisa ser revisto e está na pauta brasileira desde a conversa telefônica entre Lula e Trump. Voltou à mesa no encontro presencial. Mas observem que Bolsonaro, na mensagem em que o presidente norte-americano anuncia o fim das tarifas para uma penca de produtos, é uma ausência nada solene.”Ah, mas ele fez isso também para outros países…” Eu sei. E esses outros não tinham Bolsonaro nem na hora da imposição nem na da suspensão. Logo, Bolsonaro não contava na equação que diz respeito à economia.”Mas a negociação com o Brasil ainda não estava concluída quando houve o anúncio de agora…” Fato: salvo engano, eis uma informação que deve entrar na cota das boas notícias, não é mesmo? Sinal de que há terreno para debater os produtos que remanescem na lista e eventuais futuros entendimentos. Uma coisa é certa: o Brasil não fez concessão nenhuma.”FELIZ”Lula se disse feliz ontem com o resultado das negociações até aqui. E tem razões para isso. O Brasil não cometeu erros até agora. Resistiu, por exemplo, a um conselho dado por Tarcísio de Freitas, o gênio das galáxias do colunismo “centro-extremista de direita”, segundo quem o presidente deveria começar a conversa dando alguma vitória a Trump… Tese: “Numa negociação, comece cedendo os anéis; depois, ceda os dedos” — tudo precedido, é óbvio, pela cessão da honra.
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