Manuscrito aponta estratégia da marcha da Coluna Prestes - 20/10/2024 - Poder

Manuscrito aponta estratégia da marcha da Pilastra Prestes – 20/10/2024 – Poder

Um manuscrito inédito de Luiz Carlos Prestes, guardado há 39 anos por seu rebento, Luiz Carlos Prestes Fruto, revela uma faceta menos conhecida do líder que se notabilizou pela ideologia política: o lado militar estrategista do revolucionário.

Já amarelado pelo tempo, o documento mostra uma vez que foi feito o rompimento do cerco governista na cidade de São Luiz Gonzaga (RS), há 100 anos, pelos integrantes da Pilastra Prestes que se iniciava e rumava para o setentrião para se encontrar com as tropas paulistas e tentar derrubar o governo de Artur Bernardes.

De harmonia com Luiz Carlos Prestes Fruto, o manuscrito foi rabiscado por seu pai, em 1985, durante uma conversa com amigos. “Meu pai tinha mania de explicar as coisas desenhando ou escrevendo num papel”, disse Prestes Fruto. “E foi logo que, naquele dia de 1985, ele fez esse rabisco que guardei, no qual ele explicava uma vez que foi sua estratégia para romper o cerco em São Luiz Gonzaga”.

O rompimento do cerco de São Luiz Gonzaga, ocorrido em dezembro de 1924, representou a primeira vitória da recém-iniciada Pilastra Prestes e deu nomeada a seu líder pela ousadia e visão militar avançada. Isso porque, até portanto, o que se conhecia em termos de estratégia militar era a chamada “guerra de posição” e Prestes inovou, adotando a “guerra de movimento”. Dentro dessa perspectiva, a pilastra marchou por 25 milénio quilômetros pelo interno do Brasil, por mais de dois anos, para tentar derrubar o governo oligárquico.

O protótipo de combate até portanto praticado pelo Tropa perseguia um objetivo geográfico para encurralar o inimigo num ponto específico. E foi exatamente isso que fizeram as tropas governistas, com 14 milénio homens muito armados, rumando por sete frentes diferentes para São Luiz Gonzaga, onde estavam os muro de 1.500 revolucionários.

Com fiéis informantes, Prestes ficou sabendo antes da estratégia e inovou na fuga. Ao invés de esperar os legalistas, retirou seus homens também em sete frentes paralelas às do tropa governista. Anos depois, o líder revolucionário apontou os erros praticados pelos governistas: “O maior erro de um comando militar é tomar uma vez que objetivo um objetivo geográfico, quando o militar deve procurar é manter contato com o inimigo e persegui-lo para onde ele for”.

No livro “A Pilastra Prestes”, a historiadora Anita Leocádia Prestes, também filha do líder revolucionário, conta que a partir de depoimentos prestados por seu pai pode-se concluir que “a preocupação pelo objetivo geográfico fizera com que as tropas governistas se deslocassem para São Luís sem manter guardas de flanco e sem observar, portanto, o que acontecia ao seu lado, entre cada uma das sete colunas que avançavam preparadas para sufocar os rebeldes na cidade”.

Quando chegaram a São Luiz Gonzaga, os 14 milénio soldados governistas não encontraram sequer um revolucionário. Com poucos armamentos e quase sem munição, os rebeldes haviam deixado a cidade durante a noite em sete grupos distintos, montados em seus cavalos.

Em prova a Anita Leocádia, Prestes contou que não havia armamentos em quantidade, mas os revolucionários estavam muito preparados com dois cavalos para cada varão. “A pilastra era formidável, era um vista interessante: cada cidadão a cavalo e puxando um outro cavalo”, contou.

Passados 61 anos do ocorrido, em 1985 Prestes reconstituiu o incidente no manuscrito publicado nesta reportagem. Nele percebe-se ao núcleo da folha escrito o nome da cidade de São Luís, cercada pelas cidades de Santiago do Boqueirão, Tupaceretã, Santo Ângelo, Serro Azul, São Borja, São Nicolau e Passo Fundo, de onde partiriam as tropas legalistas.

No manuscrito, entretanto, há uma imprecisão. Onde está a cidade de Passo Fundo, na verdade estaria a cidade de Cruz Subida. “Porquê meu pai estava desenhando na mesa, durante uma conversa com amigos, ele apontou a cidade de Passo Fundo no lugar de Cruz Subida”, disse Luiz Carlos Prestes Fruto, que guardou aquele rascunho prevendo a sua preço histórica.

Nos dias de hoje, 100 anos depois do início da Pilastra Prestes, restam poucos cenários alusivos ao conflito na região onde tudo começou.

Em São Luiz Gonzaga, para onde as tropas revolucionárias rumaram no início da marcha, permanece intacta a gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Ela foi erguida no supino da cidade, por senhoras católicas do município, uma vez que promessa para que não houvesse efusão de sangue naquele lugar. Até hoje devotos vão ao sítio e relatam graças alcançadas pela invocação à santa.



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