Vídeo de Lula com Galípolo remete a lives de Bolsonaro - 21/12/2024 - Poder

Vídeo de Lula com Galípolo remete a lives de Bolsonaro – 21/12/2024 – Poder

No vídeo em que prometeu autonomia ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o presidente Lula (PT) recorreu a um cenário amplamente explorado pelo antecessor, Jair Bolsonaro (PL), em gravações e transmissões ao vivo pelas redes sociais: a biblioteca do Palácio da Alvorada.Em um recado ao mercado financeiro, o Palácio do Planalto divulgou na sexta (20) um vídeo em que Lula afirma a Galípolo que ele será o “presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve”.


Governistas rechaçam qualquer comparação com as lives de Bolsonaro. Reservadamente, um integrante do governo afirma que a gravação aproveitou o fato de que Galípolo foi ao Alvorada, para o almoço com ministros do governo. E, na residência oficial, a biblioteca seria o melhor local para a gravação, pela estética e por ser silenciosa.Além do presidente e de Galípolo, aparecem no vídeo três dos ministros mais importantes da Esplanada dos Ministérios: Fernando Haddad, da Fazenda, Rui Costa, da Casa Civil, e Simone Tebet, do Planejamento. Os três apenas ouvem os votos de boa sorte de Lula ao futuro presidente do BC.A biblioteca do Palácio da Alvorada foi cenário da grande maioria das lives transmitidas por Bolsonaro uma vez por semana. O ex-presidente costumava aparecer ao lado de ministros, dos filhos e de outros aliados de primeira hora, como o então presidente da Caixa Pedro Guimarães.

As lives de Bolsonaro também foram citadas pela Polícia Federal no inquérito que apura a tentativa de golpe. De acordo com os investigadores, as transmissões ajudaram a propagar a ideia de que há fraude no sistema eleitoral para que a narrativa falsa não parecesse casuística após uma eventual derrota.

No caso do atual governo, a gravação —feita ao fim de uma semana em que o dólar atingiu a maior cotação nominal da história— se deu em resposta ao mercado financeiro. Além de prometer autonomia ao BC, Lula diz que o governo buscou proteger a nova regra fiscal e seguirá atento “às necessidades de novas medidas”.”Eu queria dizer para o Galípolo que seguimos mais convictos que nunca que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras”, disse o presidente ao lado dos três ministros.A gravação foi divulgada poucas horas depois da aprovação no Senado do terceiro projeto do pacote de gastos (considerado o pilar das medidas, pelo limite ao ganho no salário mínimo), e da promulgação da emenda constitucional que muda o critério de concessão do abono salarial.

O vídeo também é publicado em meio a um momento de reconhecimento de que a comunicação da gestão tem tido problemas e precisa de mudanças. “Há um erro do governo na questão da comunicação e sou obrigado a fazer as correções necessárias”, afirmou Lula em evento do PT no começo do mês.

Haddad também citou na sexta problemas de comunicação, dizendo que a escalada do dólar se deu após o vazamento de medidas que seriam anunciadas posteriormente pelo governo —em uma referência à notícia da ampliação da isenção no Imposto de Renda, que teria obrigado a Fazenda a ter que explicar a iniciativa depois de uma reação negativa já consolidada no mercado.

“Houve problema de comunicação no final do ano que fez com que o dólar no Brasil tivesse valorização mais forte do que entre os pares. Então é preciso corrigir a comunicação, tomar as medidas —porque não é só a comunicação, precisa tomar medidas— e fazer com que isso traga o câmbio não para um patamar específico mas para uma situação de funcionalidade”, disse o ministro.

O governo, inclusive, deve fazer uma troca na Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). A saída do ministro atual, Paulo Pimenta, é dada como certa. O marqueteiro Sidônio Palmeira, cotado para substituir Pimenta, foi convidado por Lula para a confraternização de fim de ano.O cientista político e advogado Nauê Bernardo Pinheiro de Azevedo avalia que a comparação entre a estética dos vídeos de Lula e Bolsonaro é inevitável, uma vez que o cenário foi exaustivamente usado por Bolsonaro durante quatro anos. Apesar disso, ele vê a gravação de Lula como pontual e avalia que há diferenças entre as duas mensagens.

“A comparação é inevitável, afinal de contas, a gente passou quatro anos vendo semanalmente o patrimônio público sendo utilizado em lives muitas vezes pessoais do ex-presidente. No entanto, é preciso que se considere a qualidade daquilo que foi dito. Foi passado um recado institucional”, afirma.

O Palácio do Planalto foi procurado neste sábado (21), mas não houve retorno até a publicação deste texto.



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