Reunião de países membros do Brics e outros países convidados, em Kazan, na Rússia, nesta quinta-feira (24), foi marcada por discursos de representantes de 36 nações, que destacaram a situação da Fita de Gaza e a urgência de aumentar a participação dos países da Ásia, África e América do Sul nos fóruns internacionais.
O presidente da China, Xi Jinping, ressaltou que a subida coletiva do Sul Global é a principal particularidade da transformação pela qual passa o mundo.
“Os países do Sul Global marchando juntos em direção à modernização é monumental na história mundial e sem precedentes na cultura humana”, afirmou, acrescentando que esses países enfrentam ainda grandes desafios e que “o caminho para a prosperidade do Sul Global não será reto”.
O Sul Global é o termo usado para se referir aos países pobres ou emergentes que, em sua maioria, estão no Hemisfério Sul do planeta.
Para a liderança chinesa, os países do Sul Global devem “desempenhar um papel ativo e de liderança na reforma da governança econômica global e fazer do desenvolvimento o cerne da agenda econômica e mercantil internacional”.
Sobre a guerra na Fita de Gaza, Xi Jinping destacou que é preciso promover um cessar-fogo abrangente e “reviver a solução de dois Estados.
“Devemos impedir que as chamas da guerra se espalhem no Líbano.”
Cúpula ampliada
Representantes de 36 países se reuniram na cúpula ampliada do Brics nesta quinta-feira (24), em Kazan, na Rússia, no contexto da 16º conferência dos líderes do conjunto. Também participaram do encontro seis organizações internacionais, incluindo o dirigente da ONU, António Guterres.
Entre os países convidados para o encontro estavam Cuba, Bolívia, Venezuela, Turquia, Vietnam, Indonésia, Bangladesh, Malásia, entre outros. Também participou o presidente da Poder Palestina, Mahmoud Abbas. O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que falou sobre Gaza, Cuba, reforma da ONU e Ucrânia.
“Os que se arrogam defensores dos direitos humanos fecham os olhos diante da maior malignidade da história recente”, afirmou o chanceler brasílio.
Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, destacou que a transição para uma ordem mundial mais equitativa não é fácil e que é dificultada por “forças habituadas a pensar e agir na lógica da dominação sobre tudo”.
Putin citou as sanções econômicas unilaterais, o protecionismo econômico totalidade, a manipulação da moeda e dos mercados financeiros, além da interferência em assuntos internos de outros países “sob o lema da preocupação com a democracia e os direitos humanos, e a luta contra as alterações climáticas”.
Sobre a guerra no Oriente Médio, o presidente russo destacou a urgência de produzir um Estado palestino independente que coexista pacificamente com Israel.
“A correção das injustiças históricas contra o povo palestiniano pode prometer a tranquilidade no Médio Oriente. Até que esta questão seja resolvida, o círculo vicioso de violência não será quebrado”, afirmou.
Putin também reforçou a urgência de reformas as estruturas financeiras globais. “O peso dos países em desenvolvimento na economia global mudou dramaticamente nas últimas décadas. Mas isto, em pessoal, não se refletiu adequadamente nos sistemas de gestão do Fundo Monetário Internacional [FMI], do Banco Mundial e de outros bancos multilaterais”, acrescentou.
Índia
O chanceler indiano, S. Jaishankar, destacou que o reequilíbrio político e cultural atingiu um ponto que já é provável contemplar a multipolaridade real.
“O próprio Brics é uma prova de quão profundamente a velha ordem está mudando”, disse o ministro indiano.
Por outro lado, o representante da Índia acrescentou que as desigualdades do pretérito continuam sobre novas formas. “Vemos isso no entrada a recursos para o desenvolvimento e as tecnologias modernas”, disse.
Jaishankar também pediu a reforma nos bancos internacionais, “cujos procedimentos de trabalho são tão desatualizados quanto os da ONU. A Índia iniciou um esforço durante sua presidência do G20, e estamos felizes em ver que o Brasil está levando isso adiante”.
Gutérres
Também participou da cúpula do Brics ampliada o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que elogiou os esforços para se edificar um mundo fundamentado no multilateralismo, ou seja, em soluções coletivas para os problemas globais.
“Nenhum grupo e nenhum país pode agir sozinho ou isoladamente. Tem de ser uma comunidade de nações que trabalhem uma vez que uma família global para enfrentar os desafios globais”, afirmou.
Guterres concordou que o sistema financeiro atual é falho em atender os países mais pobres. “A arquitetura financeira internacional é excessiva, ineficiente e injusta”, disse.
Para o dirigente da ONU, é preciso reestruturas as dívidas dos países mais vulneráveis e aumentar a espeque financeiro para as nações que mais precisam.
O secretário-geral da ONU também voltou a pedir a tranquilidade da Fita de Gaza.
“Um cessar-fogo subitâneo e a imediata e incondicional libertação de todos os reféns, a entrega eficiente de ajuda humanitária sem obstáculos, e precisamos fazer progressos irreversíveis para terminar com a ocupação [de Israel] e estabelecer a solução de dois Estados”, completou.