A Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura abriu, nesta segunda-feira (28), o Seminário Economia do Audiovisual e Interseccionalidades. O evento vai até quarta-feira (30), na sede da Federação das Indústrias de São Paulo e na Cinemateca Brasileira, na vila Clementino, na capital paulista. O seminário é segmento do processo de elaboração do Projecto de Diretrizes e Metas do Audiovisual Brasiliano (2025-2034).
Participam do evento a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Transacção, Geraldo Alckmin, além de autoridades e personalidades do campo do audiovisual.
“O objetivo é traçar um quadro sobre o atual estágio da indústria audiovisual brasileira e projetar o seu fortalecimento para a próxima dezena, tanto no mercado interno quanto no cenário internacional”, diz, em nota, o Ministério da Cultura.
A diretora-geral da Cinemateca Brasileira, Dora Mourão, ressaltou a prestígio da restauração dos filmes, ressaltando que não se trata unicamente de digitalização. “Muitos filmes antigas, e não tão antigos assim, foram restaurados e relançados com sucesso, porquê A Hora da Estrela, por exemplo”, disse. Dora alertou para os altos custos que a recuperação das películas, mas disse que países da Europa e os Estados Unidos têm preocupação com tal atividade, mesmo para fins da indústria do audiovisual.
O diretor do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, Paulo Roberto Schmidt, lembrou que os trabalhos para recuperação do setor foram prejudicado pela pandemia de covid-19 e pela gestão anterior. Schimdt ressaltou a prioridade da regulamentação do streaming (processo de transmissão e reprodução de conteúdos, porquê música, vídeos ou jogos, em tempo real pela internet) e a simplificação nos processos de realização dos filmes, porquê outros pontos.
“Estamos produzindo cada vez mais em cumeeira nível, sem responsabilidade zero aos enlatados que nos enviam de fora. Tivemos cá agora o DNA do Violação, que ficou semanas entre os mais vistos da Netflix em seu calendário global. Estamos falando de uma indústria que já tem produtos de superioridade e que precisamos unicamente ter uma visão estratégica da prestígio dessa indústria para o estado brasiliano, para nossa identidade e para nossa economia”, disse o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Ricardo Capelli.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou que o governo federalista tem compromisso com a cultura, incluindo o audiovisual. “Temos obrigação de implementar políticas estratégicas estruturantes para extrairmos o melhor para essa mina de oportunidades que precisa solidar seu lugar enquanto indústria criativa, perpassando pelas dimensões cidadã, econômica e democrática”, afirmou a ministra.
Já o vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou que fazer um seminário sobre a indústria do audiovisual “na mansão da indústria” (Fiesp) tinha tudo a ver. “Neste sentido, queremos colocar à disposição à Apex, que tem missão de atrair investimentos no exterior e publicar nosso país lá fora, assim porquê o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para fomentar a atividade cultural.” Alckmin também citou os projetos para regulamentação do streaming, tanto do Executivo quanto do Legislativo.
“A indústria criativa hoje é importantíssima e no porvir será mais. A indústria primária, por exemplo, tem mecanização muito grande. A indústria do setor secundário se robotiza, mas o serviço terciário é que vai gerar ocupação e renda. Será o vencedor de empregos, incluindo cá a indústria criativa nesse campo”, completou Alckmin, que confessou ser cinéfilo enamorado.
“Fizemos um levantamento recente que demonstra que o comportamento das salas de cinema é totalmente otimista, que a projeção para os próximos dez anos é que ultrapasse a marca de espectadores de antes da pandemia”, disse a diretora da Escarlate Produtora e Distribuidora, Joana Henning.
“O mercado está passando por um momento de transição importante, que é a regulamentação do streaming. A partir dessa mudança, acredito que a cultura do comportamento de presenciar a filmes de outras línguas privilegia o Brasil nos âmbitos vernáculo e internacional, porque o filme brasiliano passa a ter uma maior competitividade perante os filmes internacionais”, completou Joana.
Nos três dias de evento, outra temática a ser abordada diz saudação às organizações da sociedade social para a revisão do Projecto de Diretrizes e Metas do setor sob uma perspectiva de políticas afirmativas, tendo em vista as interseccionalidades de gênero, raça, LGBTQIAPN+ e acessibilidade.
A teoria é que as contribuições e sugestões levantadas durante o seminário e etapas seguintes sejam consolidadas e avaliadas pelo Parecer Superior de Cinema, responsável pela elaboração do projecto vai nortear as ações futuras do setor.