Os debates em torno da taxa de juros no Brasil e a intensificação de conflitos no Oriente Médio interromperam a trajetória de queda do Índice de Incerteza Econômica, delicado pelo Instituto Brasílico de Economia (Ibre) da Instauração Getulio Vargas (FGV). Depois de três meses seguidos de queda, o indicador atingiu em setembro 107,8 pontos, mesmo patamar de agosto, conforme divulgado nesta segunda-feira (30).
O índice é um termômetro da incerteza econômica baseada em dois elementos, mídia e expectativa. O componente mídia leva em conta menções à incerteza em jornais e sites de notícia. O componente expectativa toma em consideração previsões de analistas econômicos referentes a taxa de câmbio, juros e inflação.
Em setembro, o fator mídia caiu 0,1 ponto; enquanto o de expectativa subiu 0,1.
Em maio, o índice estava em 112,9 pontos, recuando até o nível atual. Quanto menor o indicador, menor a incerteza na economia. O patamar mais grave já registrado foi em dezembro de 2000, alcançando 83,6 pontos. O mais cimeira foi no início da pandemia de covid-19, em abril de 2020, quando alcançou 210,5 pontos.
O marcador de setembro é o segundo menor desde abril de 2024 (106,5 pontos). Por figurar inferior de 110 pontos, o resultado é classificado pela economista da FGV Anna Carolina Gouveia porquê “região de incerteza moderada”.
“A estudo dos dados diários revelou uma queda no indicador até meados do mês, possivelmente impulsionada pelos resultados positivos da atividade econômica. Na segunda quinzena, no entanto, voltou a subir, pressionado pelas discussões sobre a política monetária dos próximos meses e pelo agravamento do conflito no Oriente Médio”, escreveu a economista no expedido de divulgação.
Cenário
No último dia 18, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Meão aumentou a Selic em 0,25 ponto percentual, levando a taxa básica de juros da economia para 10,75% ao ano. Foi o primeiro aumento desde agosto de 2022.
Em relação ao Oriente Médio, fatos de destaque em setembro foram ofensivas israelenses no Líbano, tendo porquê fim o Hezbollah, grupo político muçulmano com potente braço armado.
A coleta de informações pela FGV é feita sempre do dia 26 do mês anterior ao de referência ao dia 25 do mês de referência. Dessa forma, o assassínio do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no último dia 28 não chegou ainda a influenciar o índice da FGV.