Mulher denuncia PM por estupro durante abordagem em PE

Mulher denuncia PM por estupro durante abordagem em PE

Mulher denunciou ter sido estuprada em posto do BPRv no Cabo (Reprodução/Google Street View)
Uma mulher de 48 anos denunciou um policial militar por estupro durante abordagem no BPRv, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. O caso ocorreu na noite de sexta-feira (10) e foi registrado no sábado (11) na Delegacia da Mulher.
A vítima estava com uma amiga e suas filhas, de 16 e 9 anos, quando foi parada por três policiais. Ela foi informada por um dos agentes sobre a existência de débitos de licenciamento e multa. Um agente a levou a uma sala interna, alegando que faria parte do procedimento e lá teria ocorrido o crime.
No dia seguinte, ela registrou ocorrência e reconheceu o suspeito em fotos. Roupas do momento foram recolhidas, mas não houve exame no IML. A vítima relatou ainda temer represálias, uma vez que o policial teve acesso a seus dados pessoais durante a abordagem. Os três PMs que estavam no local foram afastados e a Corregedoria investiga o caso.

“Quando eu desci do carro, ele me chamou até lá o posto policial, eu fui acompanhando ele, lá sentamos do lado de fora, tinha mais dois policiais sentados assim do lado e ele começou a me indagar sobre minha profissão, sobre onde eu morava, para onde eu estava ainda. Disse que o carro ia ficar apreendido e que estava com multa”, declarou.
Ela relatou ter ligado para a pessoa que vendeu o carro e pediu ajuda. O homem, segundo ela, disse que não “resolveria nada” no fim de semana.
No relato, ela acrescenta que o celular estava no viva-voz e o policial ouviu toda a conversa. “Após pegar algumas informações minhas, ele tirou foto da minha CNH e do documento do carro”. Nesse momento, o agressor teria dito aos colegas: “Ela vai ali beber água”. A mulher relatou que não pediu água e estava muito nervosa.
“Ele me direcionou para entrar na parte interna do prédio. Chegando lá, tinha um quarto, dois beliches, ele pediu para eu entrar, lá ele apagou a luz e começaram os abusos”, afirmou.
“Ao terminar, ele me deu uma toalha que estava em cima do beliche, pediu para limpar a boca”, acrescentou.
Em seguida, a mulher disse ter saído “bebendo a água e em direção ao carro, de cabeça baixa.”
“Já não olhei para os policiais que estavam do lado, segui para o carro, muito nervosa, não comuniquei a ninguém que estava no carro que tinha acontecido”, declarou. .
No dia seguinte, a mulher foi trabalhar. “Eu passei 12 horas de plantão e à noite eu tomei coragem de procurar a delegada da Mulher do Cabo. Quando eu comuniquei a outras pessoas, consegui uma rede de apoio que me direcionou, me apoiou ontem o dia inteiro”, explicou.

“Minha primeira palavra é de solidariedade, de desculpa. É um fato inadmissível que foi narrado, que foi registrado. Uma violência praticada por um agente do Estado, no interior de uma repartição. Mas eu quero dizer que isso é uma exceção”, afirmou o secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho.

Nesta quarta (15), a advogada da suposta vítima, Maria Júlia Leonel afirmou que acredita em uma “tentativa de tratar o caso como um problema isolado”.

“Nem te digo o que acho das desculpas do secretário. Sei é que eles estão se apressando para isolarem o fato, narrando que foi um caso pontual. Recebemos sérias denuncias de estupros e outras violências ocasionadas por policiais no Cabo”, declarou.

Ainda na entrevista, a defensora falou sobre o afastamento dos PMs.

“Até agora, isso não chegou para a vítima, de maneira formal. Tudo o que sabemos é o que diz a imprensa e que contraria o que nos foi passado oficialmente pela major responsável pelo inquérito no departamento da Polícia Judiciária Militar”, disse.

 
Entrevista colhidas pelo Diário de Pernambuco.

O que diz a PM
Nesta segunda-feira (13), a PMPE tomou conhecimento de uma denúncia registrada na 14ª Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho. O caso, ocorrido em 10 de outubro de 2025, envolve um policial militar do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).
Diante da seriedade dos fatos, o Comando Geral da PMPE determinou a imediata instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para assegurar uma apuração justa, transparente e completa. Assim que os policiais envolvidos forem identificados, eles serão afastados de suas funções operacionais enquanto as investigações estiverem em andamento.
A Polícia Militar lamenta o fato e reitera que todas as providências necessárias serão adotadas para garantir a justiça, preservar a disciplina e fortalecer os valores éticos que norteiam a instituição.



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