Ainda Estou Aqui é filme nacional a chegar em mais cidades - 21/02/2025 - Ilustrada

Ainda Estou Aqui é filme nacional a chegar em mais cidades – 21/02/2025 – Ilustrada

“Ainda Estou Aqui” é o filme nacional que chegou ao maior número de cidades do Brasil nos últimos sete anos. O indicado ao Oscar desbancou “Minha Mãe É uma Peça 3”, protagonizado por Paulo Gustavo, que estava à frente em números absolutos.

A produção de Walter Salles foi exibida em 420 das 439 cidades com salas de cinema do país, enquanto a comédia alcançou 416 das 425 em atividade no período do lançamento, em 2019. Em seguida, aparecem no ranking de capilaridade “Nosso Lar 2”, com 414 cidades, “O Auto da Compadecida 2”, com 409, e “Mamonas Assassinas: O Filme”, com 406.

De forma proporcional, “Ainda Estou Aqui” perde ligeiramente para “Minha Mãe É uma Peça 3”, porque na época havia menos cidades com salas de cinemas. O alcance foi de 96%, no caso do drama de Walter Salles, e 98%, no caso da comédia. Nesse recorte, “Nosso Lar 2” aparece com 94,5%, “O Auto da Compadecida 2”, com 93,2% e o filme dos Mamonas Assassinas, com 92%.

A análise da Folha considera dados nacionais de bilheteria da Ancine, a Agência Nacional de Cinema, no período de 1º de janeiro de 2018, quando a série inicia, a 16 de fevereiro de 2025. A quantidade de cidades pode sofrer alterações com o avanço dos dias.

Com público acumulado de mais de 5 milhões de espectadores e arrecadação de quase R$ 100 milhões, “Ainda Estou Aqui” é o quinto filme nacional a levar mais público aos cinemas nos últimos sete anos. À frente estão as comédias estreladas por Paulo Gustavo e os filmes religiosos “Nada a Perder” e “Nada a Perder 2”, que contam a história do bispo evangélico Edir Macedo.

Apesar de mais espectadores, “Nada a Perder 2” teve menos sessões, 53.044, que “Ainda Estou Aqui”, com 106.841. Reportagem da Folha à época do lançamento relatava que muitas das salas com ingressos esgotados tinham assentos vazios, reflexo de doações de bilhetes feitas por igrejas.

Com estreia comercial em 7 de novembro de 2024, o filme de Walter Salles registrou pico de público na semana entre 18 e 24 de novembro, com 714 mil espectadores. A média semanal caiu nas semanas seguintes, mas voltou a subir na semana que sucedeu o Globo de Ouro, quando Fernanda Torres venceu o prêmio de melhor atriz de drama.

Depois do anúncio de que o longa brasileira estava indicado a três categorias do Oscar, melhor filme, atriz e filme internacional, houve novo pico, com mais de 400 mil espectadores.

Para além dos empurrões garantidos pelos prêmios —desde que o filme fez sua estreia no Festival de Veneza, em que foi eleito melhor roteiro—, “Ainda Estou Aqui” também se beneficia do poder de suas estrelas, Torres e Selton Mello, que emplacou uma dobradinha de sucessos na virada do ano, com “O Auto da Compadecida 2”, e também vive um pico de popularidade.

Há, ainda, a presença da Globo bancando parte do filme. Como a obra é uma produção de sua plataforma de streaming, a Globoplay, os canais da empresa ajudam na divulgação, seja por meio de anúncios ou de reportagens e entrevistas em programas jornalísticos e de auditório.

E se a temática da ditadura poderia ser um empecilho para o filme ser abraçado amplamente, num Brasil com uma parcela de extrema direita saudosista, a escolha de Salles por diminuir a voltagem política do drama o ajudou a superar, com muita folga, outros longas recentes identificados com a esquerda.

“Marighella”, por exemplo, tinha Wagner Moura na direção e Seu Jorge como protagonista, mas adotou um tom de confronto que gerou boicotes e protestos. O saldo foi de 308 mil espectadores divididos por 12 mil sessões em 166 cidades. Já “Meu Nome é Gal”, cinebiografia de Gal Costa, e “O Pastor e o Guerrilheiro”, que também adotavam tom de denúncia mais escancarado, tiveram números bem mais baixos.

O primeiro terminou sua temporada de exibição com 155 mil espectadores, divididos em 9.000 sessões, em 117 cidades. O segundo, com 4.000 pessoas, em 461 sessões de 23 cidades.

“Ainda Estou Aqui” teve bom desempenho geral, mesmo em cidades com grande expressão de voto no ex-presidente Jair Bolsonaro. Não é possível aferir a posição política do público, que pode ter sido majoritariamente ligado à esquerda, mas o ensaio de boicote ao longa por parte de perfis de direita não impediu seu êxito em redutos bolsonaristas como as catarinenses Joinville e Balneário Camboriú.

As duas cidades tiveram ampla margem de vitória para Bolsonaro no segundo turno do pleito que reelegeu Lula, e ainda assim tiveram “Ainda Estou Aqui” como campeão nacional de público em 2024 e, até aqui, também em 2025. No ranking de brasileiros mais vistos desde 2018 nestas cidades, o longa de Walter Salles ocupa a quinta posição.

Em Limeira, no interior de São Paulo, ficou em sexto lugar. No cinema de Canela, no Rio Grande do Sul, instalado numa loja da Havan, do entusiasta do bolsonarismo Luciano Hang, também foi a produção nacional mais vista em 2024 e 2025, com um público de 2.188 pessoas. Considerando os títulos estrangeiros exibidos no mesmo período, fica em oitavo lugar no ranking de público.

Já as cidades que registraram maior público para o filme de forma proporcional à sua população, ignorada a possibilidade de uma mesma pessoa ver o filme mais de uma vez, foram São Caetano do Sul (SP), com uma estimativa de 14% da população como espectadora, seguida de Niterói (RJ), com 13%; Votorantim (SP), com 12%; Balneário Camboriú e Porto Alegre, com 11,6% cada, e Florianópolis, com 10%. São Paulo é a 15ª cidade, com cerca de 7%.



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