Eu gravei vídeos durante os rápidos descansos que tínhamos, para não esquecer que passei por tudo isso calada. Nos mandavam para lugares insalubres para morar durante o período de internato. Não se tem lugar pra dormir, tomar banho ou comer. Cheguei a participar de até 6 cesáreas seguidas, fico pensando como isso foi possível. Desmaiei pelos menos três vezes por não conseguir me alimentar direito. Cansei de ver colegas de curso com fadiga, infecção urinária, AVC por estresse e depressãoS.G, médica brasileira formada na BolíviaMorte de Sebastião Peixoto Sebastião Peixoto Imagem: Cedida ao UOLEstudante da Udabol, Sebastião Peixoto escreveu uma carta aberta nas redes sociais antes de cometer suicídio em 13 de novembro. Sebas, como era conhecido pelos colegas, disse em mensagens para a família que perdeu 12 quilos em apenas 2 meses, e que se sentia muito fraco. Ele relatou que não aguentava mais a pressão da carga horária e as humilhações.Meu irmão pediu socorro, tentamos ajudar, eu implorei para ele voltar, não deu tempo. Ele pediu para mudar o local de trabalho, não permitiram. Ele alertou que viu colegas infartando, e outros até tirando a própria vida, ele não foi o primeiro. Meu irmão sempre teve um sonho de ser médico, por isso foi para a Bolívia. Até quando tanto descaso? Nem água ofereciam para o meu irmão. Passou fome, sede e humilhações. Quero justiça. Daniele Peixoto Pereira, irmã de SebastiãoEm uma mensagem de áudio enviada para a família, Sebastião diz: “Tem dia que eu tomo um gole de água de manhã, e depois só volto a tomar água as oito da noite. Estou com medo de os meus rins pararem. Não vou aguentar, estou falando para vocês. Eu preciso mudar urgente de hospital. Isso é massacre, escravidão e suicídio. Tenho 46 anos, não vou suportar isso”
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