Mirem-se no exemplo daquelas mulheres evangélicas - 10/05/2025 - Cotidiano

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres evangélicas – 10/05/2025 – Cotidiano

Neste mês de maio, na véspera do Dia das Mães, apresento duas mulheres. Uma delas abdicou de sua carreira para se dedicar à criação de quatro filhos. A outra cresceu com um pai alcoólatra e hoje trabalha evangelizando e levando palavras de conforto para detentas em um presídio feminino. Qual delas, na sua opinião, deveria receber o prêmio imaginário de “mãe do ano”?

Renata, grávida de sete meses, convidou vizinhas e irmãs da Igreja Ministério Bíblico de Sapiranga (RS) para o chá de fraldas de sua quarta gestação. O burburinho de mulheres e crianças reunidas dá lugar a um jogo com perguntas sobre a bebê que receberá o nome de Ester. Na Bíblia, Ester se tornou rainha na corte do rei Assuero da Babilônia e livrou seu povo do extermínio.

No jogo, as convidadas ficam sabendo qual louvor a família canta desde agora para a bebê, o versículo predileto da mãe, as reações dos irmãos pequenos à gravidez, a provável data do nascimento. Além de divertir, a brincadeira revela que a bebê é gestada com espiritualidade e amor desde o ventre.

Pode causar estranheza que uma mulher de classe média, com curso superior, opte por cuidar em tempo integral de quatro crianças e da casa. E, além disso, encontra tempo para aquilo que ela refere como “a melhor parte”: ficar em silêncio para escutar a Deus. (Lc 10.38-42) Esse trecho bíblico é simbólico para mulheres acostumadas ao trabalho de casa. Jesus censura Marta, que está atarefada na cozinha, e elogia sua irmã Maria, que se sentou para escutá-lo: “ela escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.

Entre as convidadas do chá de fraldas, há outras mães que fizeram a mesma opção, justificando que a herança mais preciosa de Deus são os filhos (Salmo 127). Não parece para elas uma questão machista que fixa as mulheres em casa, mas uma opção consciente feita por mães que assim compreendem seu papel durante a infância dos filhos.

A outra candidata a “mãe do ano” é Cleide, de Buíque (PE). Sua história é narrada no segundo episódio de “Crentes – Além dos Muros”, uma série documental da GloboNews. Cleide aparece entrando no presídio feminino para um culto, juntamente com outros irmãos da Igreja Batista Independente Missionária.

O rosto de Cleide é sereno e alegre, e os espectadores são surpreendidos quando ela revela que não guarda memória boa da infância. Conta das agressões do pai alcoolizado, e de como ela, menina, salvou sua mãe do feminicídio.

Cleide relata que vivia “consumida de ódio” do pai, e que somente quando entregou sua vida a Jesus esse sentimento começou a mudar. A atitude do pastor Marcelo, que a acompanhou na conversão, contribuiu: “ele me disse que se, até aqui, eu não tinha pai, agora eu teria nele um pai. Isso fez toda a diferença”.

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O viver de Cleide se tornou fecundo. Leva às detentas do presídio o Evangelho que a libertou do aprisionamento interno do ódio ao pai. O afeto vivido por ela na igreja lembra a afirmação de Jesus, de que sua família não são os parentes de sangue, mas aqueles que fazem a vontade de seu Pai (Mt. 12.49-50). Para ela e muitos outros crentes, essa boa nova traz uma segunda chance de amar e ser amado.

Qual das duas será a escolhida “mãe do ano”? Opto por ambas. Renata soube apropriar-se de sua herança de viver num lar cristão. Nem todos os lares “cristãos” são realmente iluminados por Cristo; ela teve essa bênção, e agora a multiplica… por quatro! Cleide foi restaurada pelo amor recebido na sua pequena igreja. O apóstolo João diz que “nós amamos porque Cristo nos amou primeiro” (I Jo 4.19). Cleide foi amada, agora é capaz de multiplicar amor.



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