A FAB (Força Aérea Brasileira) fez o primeiro teste, nesta segunda-feira (4), do caça Saab F-39 Gripen em uma simulação de combate. O treinamento foi no Cruzex (Exercício Cruzeiro do Sul), em Natal.
Com capacidade de atingir duas vezes a velocidade do som, o avião se destaca como o caça mais poderoso da América do Sul, de acordo com a Aeronáutica.
A aeronave incorpora tecnologias de sensores, radares e guerra cibernética desenvolvidas inéditas na FAB. Apesar de suas capacidades já conhecidas, a Força afirmou que o Gripen ainda não atingiu seu estágio final de desenvolvimento.
O exercício começou no domingo (3) e se estende até o dia 15 de novembro, na capital do Rio Grande do Norte. O evento reúne representantes de mais 12 países.
Nesta edição, o Saab Gripen F-39, o mais novo caça da FAB, é o grande destaque dentre as mais de cem aeronaves presentes. É a primeira vez que ele é testado em uma simulação de guerra.Diretor da Cruzex 2024 e comandante da Base Aérea de Natal, o brigadeiro Ricardo Guerra Rezende afirmou que, apesar de a aeronave ainda estar em desenvolvimento, suas capacidades bélica e tecnológica estão à altura da simulação.
“Nós voamos nos últimos 15 dias, em um exercício no qual apenas o Brasil operou, e ele [o Gripen] se mostrou uma aeronave muito capaz, mesmo que não esteja na sua plenitude operacional. Ainda há um caminho a percorrer”, disse.O Gripen é o mais poderoso caça da América Latina. Ele pode atingir a velocidade máxima de Mach 2 (duas vezes a velocidade do som) em altitudes de até 16 mil metros, e traz consigo sensores, radares e sistemas de comunicação e guerra eletrônica nunca antes usados pela FAB.
“Nós estamos passando por uma transformação muito importante com a aquisição das aeronaves Gripen, o que desperta a atenção de todos”, afirma Rezende.Além de suas capacidades de manobra e desempenho, os armamentos utilizados pelo Gripen também serão testados durante a Cruzex, em especial os mísseis Meteor, de longo alcance, e o infravermelho Iris-T, de curto alcance.Em 2013, o Brasil anunciou a compra de 36 caças suecos Gripen NG, colocando fim a uma concorrência que levou seis anos e envolveu a Boeing, dos Estados Unidos, e a Dassault, da França. A aeronave, de origem sueca, é a que voou nesta segunda em Natal.
A escolha foi motivada pelo programa de transferência de tecnologia autorizado por Estocolmo. Isso permitiu que o novo caça fosse desenvolvido em parceria com empresas brasileiras.
Do total de 36 unidades, 15 serão fabricadas no Brasil. A Saab já anunciou que pretende usar o país como uma plataforma de exportação do caça para países da América do Sul.Na região, Colômbia e Peru, que estão no treinamento, têm no avião um forte candidato para modernizar suas frotas. Nesses países, o Gripen concorre com o francês Rafale e o americano F-16, também presente no exercício. Os dois países trouxeram seus militares para a Cruzex de olho no avião.
“Como se sabe, a Colômbia tem algumas opções e [a Cruzex] é uma boa oportunidade para observarmos como estão se saindo outras aeronaves, para termos mais elementos para comparar, apesar de a decisão ser da presidência da República”, disse Juan Camilo Vallejo, coronel da Força Aérea Colombiana e líder do país no exercício. O representante da Força Aérea do Peru não quis comentar.Além do Gripen F-39, a FAB conta com os caças F-5EM, AMX A-1 e A-29B, os cargueiros C-105/SC-105 Amazonas, KC-390 Millennium, E99M, entre outros.O F5-EM é o mesmo modelo que caiu no último dia 22, na região metropolitana de Natal. Dez dias depois, dois caças Super Tucano colidiram no interior de São Paulo. Não houve vítimas nos dois acidentes.
Questionada sobre as causas, a FAB limitou-se a dizer que os eventos estão sob investigação do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Pela primeira vez no Brasil, os tradicionais caças F-15 vêm ao Brasil representando os Estados Unidos. Portugal testa seu KC-390, um cargueiro fabricado no Brasil pela Embraer.
O Chile trouxe seus F-16. Argentina, Colômbia, Paraguai e Peru também trouxeram aeronaves. África do Sul, Alemanha, Canadá, Equador, França, Itália, Suécia e Uruguai enviaram observadores para as mais de 1.800 horas de voo da Cruzex.