Um trabalho de Adriana Varejão, uma das artistas mais celebradas do cenário artístico mundial, foi um dos mimos encomendados pelo governo brasileiro para presentear os líderes e chefes de Estado que foram ao Rio de Janeiro para o encontro do G20, nesta semana.
O trabalho é um bordado manual sobre uma peça de tecido que mostra a linha do Equador, em vermelho sangue, atravessando a palma de uma mão estendida, talvez uma referência à divisão entre norte e sul global, o choque entre continentes ricos e pobres que hoje estrutura em grande parte a dinâmica do circuito artístico e tudo o que está em jogo numa disputa entre economias desenvolvidas e subdesenvolvidas na tentativa de salvar um planeta que é único.
Lembrará talvez a escultura da mão gigantesca na praça de concreto do Memorial da América Latina, obra de Oscar Niemeyer, em São Paulo, que ecoa as velhas veias abertas da América Latina. Em tempos de “body horror”, Varejão, conhecida por suas vísceras transbordantes em obras ao longo de décadas, foi mais contida ao criar os “recebidos” de uma turma que vai de Joe Biden a Xi Jinping.
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