“São pessoas explodindo”, diz brasileira à espera de resgate no Líbano

“São pessoas explodindo”, diz brasileira à espera de resgate no Líbano

A brasileira e dona de moradia Lindaura Lianes Hijazi, de 51 anos, está vivendo em um abrigo lotado na capital do Líbano, em Beirute, com o marido e dois filhos pequenos. Ela deixou a própria moradia depois que o bairro em que vive, ao sul da cidade, foi devastado pelos bombardeiros de Israel. A família de Lindaura aguarda o avião enviado pelo governo brasiliano para poder deixar o país.

“Esses mísseis derrubaram mais de sete edifícios pertinhos da minha moradia. O lugar em que eu morava está todo devastado. Uma explosivo dessas explode um prédio inteiro. Na última vez em que estava em moradia, eles jogaram mais de dez bombas. e sem avisar ninguém. Treme tudo igual terremoto. Eu achei que ia morrer na hora”, relatou a brasileira originário de Assis Chateaubriand, no interno do Paraná.

Lindaura vive no Líbano desde 1991 e presenciou outras duas guerras. Ao todo, ela têm seis filhos, sendo dois menores de idade. A dona de moradia relatou o horror que foi o ataque de Israel por meio dos pagers, quando centenas de rádios portáteis de notícia explodiram em diversos pontos do Líbano visando lideranças do Hezbollah. Ao todo, morreram ao menos doze pessoas e 3 milénio ficaram feridas. 

 Fumaça e incêndio de bombardeio visto da varanda da moradia da brasileira, em Beirute. Foto – Lindaura Lianes Hijazi/Registo Pessoal

“Você andava na rua e via as pessoas explodindo para todo lado. Era no shopping, era em todos os lugares. Perto da minha moradia explodiram dois. Os rins do faceta caíram no pavimento. Estourou um apartamento inteiro só por um aparelho desses”, relatou a brasileira.

Lindaura decidiu desistir a residência depois do quinto bombardeio em seu bairro e que toda essa região da cidade hoje está vazia. Ele lamentou ainda que o banco dela não permite realizar saques maiores que US$ 300 dólares por mês e que, por isso, não consegue comprar passagens aéreas para deixar o Líbano.  

“Agora a gente está esperando, se Deus quiser, o presidente Lula para a gente pegar o avião para nos resgatar. Se não fossem meus dois filhos pequenos, eu ficava cá”, destacou a brasileira.

Lindaura falou também sobre a pressão psicológica que ela, os filhos e a família têm sofrido. “Minhas crianças são fortes igual eu, mas elas gritam e se desesperam quando caem as bombas. Minha cunhada, que é libanesa, fica desesperada ao ouvir os sons das bombas. Ela começa a desancar na própria cabeça e a permanecer branca. Ela não consegue permanecer em pé”, disse.

Entenda

Desde o último dia 23 de setembro, Israel tem realizado bombardeios massivos contra cidades libaneses. Estima-se que, em pouco mais de uma semana, mais de 1 milénio pessoas morreram e 1 milhão precisaram desistir suas casas, segundo agências das Nações Unidas (ONU).

Israel alega que os ataques contra o Líbano visam destruir a infraestrutura e as lideranças do Hezbollah, grupo político e militar que tem realizado ataques contra o setentrião de Israel em solidariedade aos palestinos na Filete de Gaza. O grupo promete manter os ataques enquanto continuar a ocupação de Gaza pelas forças israelenses. 

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decorou do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (02/10) com orientação a Beirute. De concordância com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), tapume de 3 milénio brasileiros desejam deixar o Líbano.

Levante é o número de pessoas que procuraram a Embaixada do Brasil em Beirute com pedido de repatriação. A maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente está justamente no Líbano. Ao todo, 21 milénio brasileiros vivem no país.



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